O torcedor do Remo tem todo o direito de estar de bronca com o desempenho de seu time em 2013, após a eliminação no Campeonato Paraense e a consequente perda da vaga na Série D do Brasileiro. O que decretou o fim prematuro da temporada para os azulinos. A diretoria do clube, por seu turno, tem procurado se isentar de qualquer responsabilidade em relação ao fracasso.
O presidente Sérgio Cabeça afirma ter feito tudo corretamente desta vez, mas a realidade não é bem assim. Os maiores erros nas contratações foram cometidos justamente pela direção do clube.
Os cartolas podem até argumentar que o clube investiu forte em contratações. Isso é verdade. Foram trazidos 29 atletas desde o início do ano, além dos quatro membros da comissão técnica comandada por Flávio Araújo – o auxiliar Hélio Pinheiro, o preparador físico Pedro Henrique e o treinador de goleiros Wellington Recife -, o que gerou uma folha de pagamento de R$ 320 mil, mas o grande problema é que a qualidade e o nível dos investimentos para a formação da equipe azulina foram extremamente questionáveis.
Prova disso é a situação dos vários atletas que sequer chegaram a estrear com a camisa azulina. Casos do lateral-direito Thiaguinho, do volante Tragodara e dos meias Radamés e Eduardo. Já os goleiros Dida e Naylson, ao menos têm a justificativa de que não conseguiram mostrar serviço em virtude da boa fase de Fabiano, titular absoluto da camisa 1.
Houve quem deixasse muito a desejar mesmo tendo várias oportunidades de entrar em campo. O maior exemplo é o do meia Ramon. Contratado com pompa e circunstância por iniciativa exclusiva da diretoria remsita, em uma negociação que envolveu a compra de parte dos seus direitos econômicos e um vínculo de 2 anos, o jogador não passou de uma enorme decepção. Fracasso que lembrou outras contratações mal sucedidas em temporadas anteriores, como as dos atacantes Frontini e Finazzi, em 2010 e 2011, respectivamente.
Além de ter chegado ao Baenão muito acima do peso, Ramon demorou para entrar em forma devido a uma sequência de lesões musculares que o deixaram mais tempo no Departamento Médico do que no gramado do Baenão. Um prejuízo inegável, principalmente por se tratar do maior salário do elenco remista (R$ 24 mil). Ou seja, deixou o clube sem conseguir justificar o alto investimento feito pela diretoria azulina.
Artilheiros negaram fogo no Parazão
O centroavante Leandro Cearense é outro que se encaixa no perfil de Ramon. Disputado por vários clubes paraenses, o jogador trocou o Santa Cruz de Cuiarana pelo Leão Azul e, apesar de ter gerado uma briga de bastidores entre os cartolas azulinos e o presidente de honra do Tigre do Salgado, o senador Mário Couto, marcou apenas 5 gols pelo clube da capital.
Leandro Cearense só não chega a ser uma decepção completa por conta dos 3 gols assinalados nos confrontos diante do Paysadu, mas também ficou longe de ser o artilheiro que a equipe azulina sonhava para conquistar o título estadual e a vaga na Série D. Resumindo: não pagou, em gols, o preço que a diretoria desembolsou para tê-lo.
Artilheiro do Parazão 2012 e destaque do Águia de Marabá na Série C, Branco chegou com status de goleador ao Remo, mas até o fim do segundo turno do Parazão, não havia feito valer a luta da direção para tirá-lo do time marabaense. Só conseguiu balançar as redes adversárias 3 vezes. Muito pouco para quem tinha a fama de “carrasco” sempre que enfrentava o Leão Azul.
O Liberal, 12/05/2013