Em cinco temporadas como aspirante à Série D, o Remo leva uma vida cheia de contradições. Em 234 jogos, teve 60% de aproveitamento, com 130 vitórias, 67 empates e 33 derrotas. Fez 224 gols e tomou 174. Saldo de 50 gols. Quem não conhece a amarga realidade remista dos últimos anos deve deduzir que o clube vive uma fase gloriosa. No entanto, apesar desses números tão positivos, em três temporadas (2009, 2011 e 2013) sequer conseguiu entrar na última divisão nacional. Quando entrou (2010 e 2012), parou na segunda fase. No Parazão, sucessão de frustrações. Na Copa do Brasil não foi além da segunda fase. O que pode explicar esse paradoxo azulino?
Em geral, o Leão Azul foi bem nas competições até chegar aos jogos-chaves. “Negou fogo” nos momentos mais decisivos. Fechou em primeiro lugar em quatro fases classificatórias no Parazão, teve a vantagem de dois empates em oito “mata-matas”, mas o saldo é pífio. Conquistou apenas 1 dos 10 turnos do Parazão que disputou no período. Perdeu quatro disputas diretas com times do interior: São Raimundo em 2009, Independente em 2011, Cametá em 2012, Paragominas em 2013.
O Remo se complica na pressão emocional das decisões e pela rejeição que sofre no mercado ao buscar contratações. No desespero, faz uma gastança absurda na busca por “reforços” e por técnicos “mágicos”. Nos últimos cinco anos, o clube contratou 199 profissionais para o futebol: 53 nos dois anos do ex-presidente Amaro Klautau e 146 nos dois anos e meio do atual presidente, Sérgio Cabeça. O sofrimento também mobiliza os torcedores, de tal forma que em pleno abismo, de 2009 a 2013, o Leão mantém excepcional média de quase 13 mil pagantes por jogo.
Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 09/06/2013