Antônio Carlos Nunes de Lima
Antônio Carlos Nunes de Lima

Os clubes profissionais têm um voto por cada campeonato (base, feminino e profissional) da FPF que tenha disputado até 12 meses antes da eleição. Por essa regra do Estatuto da Federação, os 23 clubes profissionais têm apenas 36% dos 190 votos para a eleição do próximo dia 29/11, no Pará Clube. As 97 Ligas Municipais habilitadas são maioria, com um voto cada. Os 25 clubes amadores também têm um voto, cada.

Isso significa que as instituições amadoras têm quase dois terços do universo eleitoral e vão decidir o futuro do futebol profissional, uma indústria que gera empregos diretos e indiretos para milhares de pais de famílias do Pará. Essa distorção sempre foi a base do sistema que perpetuou no comando das Federações estaduais os homens que dão sustentação aos poderosos da CBF. Contra esse continuísmo foi aprovada recentemente uma Medida Provisória que permite apenas uma reeleição aos dirigentes de entidades esportivas que recebem verba pública, como é o caso da FPF.

O modelo atual favorece a prática dos currais eleitorais e coloca as idéias, os compromissos e o interesse geral em segundo plano. No processo eleitoral da Federação Paraense de Futebol prevalecem conveniências particulares, em cima das quais são feitas as campanhas. Tanto que a duas semanas da eleição pouco se fala nos projetos, não há cobrança de debate e apenas os candidatos de oposição Ulisses Sereni e Luis Omar Pinheiro apresentam algumas propostas. O presidente Antônio Carlos Nunes ainda não apresentou plataforma alguma para a reeleição, nem é cobrado para isso. Afinal, salvando-se as exceções nesse cenário, quem vai votar não está se importando em escolher o melhor para o futebol do Pará, e sim o mais conveniente para determinados interesses.

Quem disse que futebol aqui é coisa séria? Nesse processo eleitoral vicioso, quem está se importando com o mercado de trabalho que o futebol oferece ao nosso povo? Quem quer saber de transparência?

A falta de projeto de Antônio Carlos Nunes sugere a continuidade do modelo atual de gestão.

Luis Omar Pinheiro acena com marketing social, prometendo associar o nosso futebol a programas assistencialistas, como forma de caracterizar os patrocinadores como “empresas cidadãs”. Uma ideia interessante, que seria implementada com uma nova política de comunicação na FPF, voltada inclusive para as mídias sociais. Para o campeonato estadual, a intenção é regionalizar as etapas seletivas, com competições de acesso nas regiões metropolitana, nordeste, oeste, sul/sudeste e das ilhas.

Ulisses Sereni promete democratização da FPF no Estatuto, “embaixadores” da Federação na capital e no interior, formação de um bloco político para defender as causas do futebol paraense. O candidato mostra desconhecimento, no entanto, quando inclui na plataforma “Remo e Paysandu nunca fora do Campeonato Brasileiro”, ignorando o Estatuto do Torcedor, que impede esse tipo de garantia. Bem ou mal, o futebol brasileiro está na “era” da meritocracia, com os rebaixamentos prevalecendo para qualquer clube, de qualquer região. Além disso, Sereni também apresenta como objetivo a volta da Copa Norte com vaga para o campeão na Copa Sulamericana, desconhecendo que a Copa Verde já está nascendo com esse propósito.

[colored_box color=”yellow”]Quem tem quantos votos?

Tuna, Castanhal, Pinheirense e Sport Belém são os clubes de maior peso eleitoral. Cinco votos para cada, pelos cinco campeonatos que disputaram, cada, nos últimos 12 meses. Remo e Paysandu, com quatro votos, cada, estão no segundo bloco com Vila Rica, Ananindeua, Time Negra, Tiradentes e São Francisco. Com três votos: Izabelense, Independente e Desportiva. Dois votos: Cametá e Kyikatejê. Um voto: Águia, Santa Rosa, Paragominas, São Raimundo, Parauapebas, Bragantino e Santa Cruz. Os 25 clubes amadores e as 97 Ligas terão voto unitário.[/colored_box]

[one_third last=”no”][colored_box color=”yellow”]Uma das grandes indecências no futebol de todas as regiões do país é o Tribunal de Justiça Desportiva funcionar às custas da Federação de Futebol. No Pará, a FPF dá teto, móveis, equipamentos, energia elétrica e funcionários à Justiça Desportiva. Como o Tribunal pode ser independente nos julgamentos sendo tão dependente no cotidiano? Nenhum candidato tratou disso, nem mesmo os oposicionistas.[/colored_box][/one_third]

[one_third last=”no”][colored_box color=”yellow”]Qual será a postura da FPF na relação com a CBF? Vai continuar dizendo “amém” ou vai se rebelar? Lembro que o ex-presidente Euclides Freitas Filho cedeu às pressões para enfrentar o poder de Ricardo Teixeira na CBF. Depois, quem cobrou rebeldia passou a criticá-lo ferozmente por desafiar o então todo poderoso presidente da CBF, causando retaliações e o prejuízo dos clubes. Sabendo disso, Nunes sempre foi aliado do poder, no entanto com mais vantagens para si próprio do que para o nosso futebol.[/colored_box][/one_third]

[one_third last=”yes”][colored_box color=”yellow”]Além do presidente, serão eleitos no próximo dia 29/11 (uma sexta-feira) dois vice-presidentes e os membros efetivos e suplentes do Conselho Fiscal da FPF. A sessão de votação será à noite, no Pará Clube, com qualquer número de eleitores na segunda chamada. Será eleito o candidato que tiver maioria simples de votos. Havendo empate, a vitória será do candidato mais idoso. O eleito será empossado no dia 15/01.[/colored_box][/one_third]

Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 13/11/2013