Cametá 0x2 Remo (Thiago Potiguar e Ratinho)
Cametá 0x2 Remo (Thiago Potiguar e Ratinho)

Com direito a golaço de Ratinho nos minutos finais, o Remo passou pelo Cametá, limpou a barra com o torcedor e garantiu sobrevida a Charles Guerreiro no comando técnico. Não que tenha sido um primor de espetáculo. Com excesso de gente no meio-campo, a partida foi feia e truncada, mas o Remo foi mais objetivo, aguerrido e mereceu vencer.

As dificuldades se concentraram, mais uma vez, na meia cancha. Eduardo Ramos, um camisa 10 de pouca mobilidade, precisa de companhia e suporte. Para que se torne útil de verdade, seu estilo exige aproximação. Charles escalou Thiago Potiguar ao seu lado, mas este não tem cacoete de meio-campista. É atacante e acaba agindo como tal. Guardou posição no começo, mas na primeira oportunidade se lançou ao ataque.

Avanços que foram providenciais e benéficos ao Remo. Como no lance que originou o primeiro gol. A movimentação de um atacante habilidoso como Potiguar contribuiu para abrir espaços na retrancada equipe cametaense. Na primeira escapada, Leandrão recebeu livre para fazer o disparo certeiro, abrindo o marcador, aos 7 minutos.

Mesmo desorganizado, o Remo se tranquilizou com a vantagem inicial e passou a tocar a bola, esperando o Cametá. Ainda assim, falhava no aproveitamento dos laterais, praticamente ausentes no primeiro tempo. Em consequência disso, Leandrão também ficava isolado e pouco acionado nos lances de bola aérea, justamente a sua especialidade.

O Cametá, com meia-cancha confusa, apostava na correria. Pressionava pelo empate e só gerava algum desassossego quando a bola chegava a Rogélio. Robinho, principal articulador, tinha Dadá a segui-lo por todo o campo, atrapalhando a evolução do time.

Ramos destoava no meio-campo, pois não brigava como Dadá e Jhonnatan e nem tomava qualquer iniciativa. Como o Cametá se distribuía mal, esse problema não chegou a incomodar o Remo. Entregue à marcação, o meia tinha apenas lampejos, arriscando alguns passes de média distância e dois chutes de longe.

Zé Soares, a aposta pela direita, pouco apareceu justamente pelo sumiço de Ramos. Potiguar, ao contrário, buscava o jogo pela esquerda e foi responsável pelas melhores tentativas individuais no primeiro tempo.

No segundo tempo, o jogo se tornou ainda mais desinteressante, pelo excesso de passes errados e chutões. Sem inspiração, o Cametá se limitava a cruzar bolas. O Remo marcava muito e esperava em seu campo. As oportunidades de contragolpe eram desperdiçadas em lances improdutivos, que retardavam a saída.

O Remo ficou mais dinâmico com a entrada de Ratinho no lugar de Zé Soares. O problema é que o Remo só ia ao ataque de vez em quando, deixando de se beneficiar da presença de três jogadores de habilidade na frente. Depois de alguns sustos em bolas paradas, a equipe controlou o jogo no meio e quase chegou ao segundo gol com Leandrão, que bateu cruzado, rente à trave.

Já no final veio o único contragolpe bem organizado pelo Remo. Dadá roubou bola na intermediária, passou para Eduardo Ramos, que lançou Ratinho pela esquerda. O atacante deu dois dribles no marcador e chutou à meia altura, sem defesa para Alencar Baú. Um belo gol, coroando a melhor jogada da noite.

O Remo se reabilitou, volta para Belém em vantagem para o segundo jogo, mas continua um time órfão de equilíbrio entre seus setores. Carece de arrumação e, por isso, desperdiça talentos. Um luxo caro.

Blog do Gerson Nogueira, 07/02/2014