Em cinco temporadas como aspirante à Série D, o Remo leva uma vida cheia de contradições. Em 254 jogos, teve 145 vitórias (57%), 70 empates (27%) e 35 derrotas (16%). Fez 262 gols e tomou 184. Saldo de 50 gols. Quem não conhece a amarga realidade remista dos últimos anos deve deduzir que o clube vive uma fase gloriosa.
No entanto, apesar desses números tão positivos, em três temporadas (2009, 2011 e 2013) sequer conseguiu entrar na Série D. Quando entrou (2010 e 2012), parou na segunda fase. No Parazão, sucessão de frustrações. Na Copa do Brasil não foi além da segunda fase. O que pode explicar esse paradoxo azulino?
Em geral, o Leão Azul foi bem nas competições até chegar aos jogos-chaves, mas “negou fogo” nos momentos mais decisivos. Fechou em 1º lugar em 5 fases classificatórias no Parazão, teve a vantagem de dois empates em 8 “mata-matas” (agora o 9º), mas o saldo é pífio. Conquistou apenas 1 dos 10 turnos do Parazão que disputou no período. Perdeu 4 disputas diretas com times do interior: São Raimundo em 2009, Independente em 2011, Cametá em 2012, Paragominas em 2013.
Para ser diferente nesta temporada e elevar o suporte emocional, o Remo investe este ano no trabalho do psicólogo Jairo Vasconcelos, focado em controlar a ansiedade e desenvolver a autoconfiança dos atletas. É o mesmo trabalho feito em 2005, por Sidney Waknin, quando o Remo foi campeão brasileiro da Série C.
A psicologia ajuda no equilíbrio, mas não decide o sucesso no futebol. A tranquilidade buscada pelos azulinos vai ser decidida nos dois próximos domingos. Se conquistar o primeiro turno, reduz a pressão pelo acesso à Série D e ganha moral. Se perder o turno, não só mantém como agrava a pressão. Mais do que nunca, a assistência psicológica vai ser fundamental nos Re-Pas.
Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 12/02/2014