O Clube do Remo foi campeão da Taça Cidade de Belém com uma proposta de jogo bastante clara desde a primeira partida. Jogando com três volantes nos dois jogos, o técnico Charles Guerreiro foi a campo com a proposta de não abrir espaço para que o time perdesse a vantagem dos dois resultados iguais e a escalação de saída deixava isso claro – três volantes plantados no meio campo e dois zagueiros que não descolavam do centroavante Lima.
Já o Paysandu de Mazola Júnior, com cinco desfalques, jogou dentro das suas possibilidades. As entradas de Heliton e Lineker procuravam aproveitar o gramado seco para dar uma saída em velocidade, enquanto o deslocamento de Bruninho para a lateral-esquerda buscava dar mais qualidade ao setor sem perder a pegada na marcação.
No Remo, as subidas ao ataque, através de Ratinho na direita, e Alex Ruan na esquerda, traduziam a principal opção para abastecer o centroavante Val Barreto, atuando com movimentação bastante reduzida e com papel de tentar segurar as subidas dos zagueiros bicolores ao ataque.
Com as subidas de Bruninho ao ataque, o Remo concentrava a maior parte de seus contra-ataques nas costas da lateral-esquerda. Em uma subida errada ao ataque, Levy encontrou Ratinho longe da marcação dos volantes bicolores, em condições de cruzar para Val Barreto, com os zagueiros batidos, fazer o gol da tranquilidade azulina.
Com Heliton e Lineker pouco aparecendo em meio aos volantes e zagueiros do Remo, Mazola apostou em algumas mudanças a partir da segunda etapa. Ao tirar Vânderson e Lineker para a entrada de Dennis e Rodrigo Moraes, o técnico puxou Bruninho para o meio campo para atuar como volante. A mexida, no entanto, não surtiu o efeito desejado e o técnico colocou Billy para atuar na cabeça de área e liberar ainda mais Bruninho para jogar como meia.
A partir do momento em que Bruninho teve maior liberdade, o Paysandu se lançou mais ao ataque, encontrando alguns clarões no mar de defensores azulinos e propiciando contra-ataques perigosíssimos.
O gol de empate surgiu em um lance repetido desde o começo do jogo: em jogada de bola parada, Pikachu cobrou escanteio para o desvio de Zé Antônio, livre de marcação.
Após o gol de empate, o esquema tático, de um lado e de outro, se tornou acessório e o Paysandu passou a revezar Rodrigo e Bruninho, de um lado, e Pikachu e Djalma, pelo outro, apoiando como pontas de lança enquanto Val Barreto, atuando como pivô, procurava tabelar para abrir espaço para os avanços de Zé Soares e de Jhonnatan, como elemento surpresa no meio campo.
O jogo ficou muito aberto, mas a opção de Charles Guerreiro, que promoveu mudanças apenas no sentido de resguardar sua estratégia de saída, foi vencedora.
Diário do Pará, 24/02/2014