Contratado como o grande nome do ataque azulino, o atacante Leandrão ainda não deslanchou. Com a camisa azulina, fez apenas 2 gols e tem convivido de perto com críticas. Ele reconhece isso, da mesma forma com que luta todos os dias em busca da redenção. Às vésperas da partida que pode dar o título estadual ao Remo, o centroavante conversou sobre a expectativa para o Re-Pa e a situação dentro das quatro linhas.
Depois de um tempo sem entrar em campo, como se sentiu no retorno logo em Re-Pa?
A maneira como joguei não vem me agradando. Foram 20 minutos, mas fiquei feliz por ter atuado. Ajudei da maneira que posso. Claro que não é como imaginei, não fiz gols, mas entendo que conseguimos buscar um bom resultado.
Essa pressão da torcida ainda o incomoda?
Não incomoda. Acho que é válida e acontece em todos os clubes. Se te cobram é porque você tem a oferecer. Me esforço bastante, me dedico, mas infelizmente até o momento não pude mostrar o que sei fazer. Temos mais um jogo na quarta-feira (28/05) e sou um cara confiante quanto a isso.
O seu lado pessoal está feliz em jogar no Remo?
Não estou feliz, queria estar fazendo gols, mas luto para isso. Fiquei com receio, no início, de não me adaptar, mas sei que é possível. Estou chateado porque tenho 12, 13 anos de carreira brigando por artilharia.
Você admite que as críticas têm fundamento?
Admito as críticas por não estar fazendo gols. Fora isso, se alguém disser que sou um cara sem comprometimento, discordo. Não sou uma pessoa que vive na noite, as pessoas não me veem na festa. Chego cedo, treino e saio tarde. Trabalhei com os melhores treinadores do Brasil e como titular.
Quais foram?
Trabalhei com o Tite, Abel Braga, Parreira, Levir Culpi. Com todos fui titular e briguei por artilharia. Não aceito dizer que não sirvo para vestir a camisa do Remo. Lá fora, as pessoas perguntam por que não estou em outro time, mas escolhi vir para cá e nunca falei isso publicamente porque podem pensar que quero me vangloriar. Não é isso, mas tenho uma história e luto para repeti-la. Conquistei quatro títulos do Campeonato Gaúcho, dois do Potiguar, um em Pernambuco e outro na Bahia.
O que você pensa em fazer com o término do campeonato?
Tenho contrato até dezembro, mas já fui procurado por outros clubes, só que não gosto de falar sobre isso, porque estou dedicado ao Remo. Depois do campeonato, se a diretoria quiser conversar comigo, eu vou.
Se o Remo chamá-lo para uma possível rescisão, qual seria a sua reação?
Normal. Sem problema algum. Isso faz parte do futebol, não tenho que levar mágoa de tudo isso.
Pretende deixar uma boa impressão de qualquer maneira antes de sair?
Durmo e acordo pensando nisso. Nunca falei do que conquistei para me promover, mas tenho certeza do que posso mostrar. Agora, já conseguimos uma vaga na Série D e há uma possibilidade de acesso à C. Quem sabe as coisas não mudam até lá.
Você e outros jogadores experientes foram contratados para resolver o problema do Remo, mas em campo a realidade é outra. O garoto Rony, por exemplo, tem dado conta.
Nós já passamos por essa situação. Foi assim em 2001, no Internacional (RS). Um dia antes do Rony jogar, me ligaram de Porto Alegre (RS), queriam levá-lo para o Grêmio (RS). Também não tiro a razão do Roberto (Fernandes) em dizer que nós fomos contratados para resolver. Mas eu, o Eduardo (Ramos), somos jogadores que podemos acertar dez vezes, mas se errarmos uma, todo mundo critica. E o jogador é movido 80% pelo lado emocional. Isso conta muito.
Acha que pode se destacar nesta decisão? Pode ser o jogo do título?
Trabalho para isso em todas as circunstâncias. Em um jogo decisivo como esse tudo pode acontecer, mas é importante estar bem preparado, porque um lance de bola parada, uma jogada individual resolve a partida. O futuro a Deus pertence e espero fazer um grande jogo na quarta-feira (28/05).
Diário do Pará, 25/05/2014