Um dia depois de se envolver em uma confusão com policiais militares, o centroavante Val Barreto deu a sua versão sobre o caso no qual acabou detido na delegacia do Mangueirão.
De posse de dois vídeos, feitos por seu aparelho de celular, Val Barreto alega que a truculência partiu de um Policial Militar, cujo nome não foi identificado pelo jogador. Segundo a versão sustentada pelo atleta, que não tinha ingresso para acompanhar a partida, o PM sugeriu que Val Barreto e Dadá, que estavam juntos em um carro particular, deixassem o automóvel no estacionamento externo do estádio. O problema é que o local é frequentado pela torcida do Paysandu em dias de clássico. Os jogadores se recusaram e a confusão foi armada.
Qual a sua versão sobre o que aconteceu? É verdade que você estava sem ingresso e tentou forçar a barra para entrar?
Realmente, os jogadores não usam ingresso. É o segundo jogo que vou assistir e, no primeiro jogo que fui, entrei numa boa, falei com o pessoal da portaria e deixaram entrar, sem problemas. Não sabia que precisava de ingresso e quando cheguei ali na frente, aquele policial se alterou com a gente. Ele disse que a gente estava fechando a entrada. O Dadá perguntou para ele se podia colocar o carro do lado que era o tempo para ligar para alguém colocar a gente para dentro. Ele começou a gritar com a gente. Antes disso, ele bateu com o cassetete no carro do Dadá. Foi a hora que tirei o celular e filmei. Ele ficou irritado. Tentou tirar o celular, duas ou três vezes, da minha mão. Veio mais uns seis ou sete policiais que tentaram me imobilizar, enfiaram dedo no meu olho, deram soco e chutes. Estou com a língua cortada, cuspi sangue.
De alguma forma, você provocou isso?
Não chamei nenhum palavrão para ele. Não xinguei ele de “bichinha”, como ele falou. Está tudo filmado aqui e, agora, vai ser a declaração dele contra a minha.
Qual o procedimento você vai tomar agora?
Fiz o exame (de corpo e delito), tudo certinho. Ele me denunciou. Tenho que me defender porque ele me bateu, foi abuso de autoridade. O advogado do Remo correrá atrás disso aí.
Chegaram a agredi-lo dentro da delegacia?
Não. Me agrediram lá fora do estádio. Mandaram colocar o carro lá naquele campinho que tem atrás do Mangueirão, no escuro, e queriam que a gente descesse no meio da torcida do Paysandu. Realmente, não sabia que precisava de ingresso. O que aconteceu foi lamentável. Não ia desacatar uma autoridade. O fisiologista do Remo é da corporação e nossos vídeos motivacionais são de lá, tenho admiração pela polícia.
Você acha que a PM foi imprudente por tentar colocá-los no meio da torcida do Paysandu?
Estou sem entender até agora. Tenho o maior respeito pela polícia.
O Liberal, 06/06/2014