Remo 0x2 PSC (Rony)
Remo 0x2 PSC (Rony)

Se dentro de campo ele é rápido, habilidoso e não tem medo de cara feia, fora de campo é discreto, pensa nas palavras que vai colocar e sorri, como se tudo fosse uma brincadeira. O perfil é do garoto Rony, revelação do Clube do Remo. Em um time que contou com as estrelas do porte de Eduardo Ramos, Athos, Zé Soares e Leandrão, nenhum deles sequer chegou perto do nível de um jogador da base, de apenas 18 anos, o responsável direto pela quebra do jejum de 6 anos sem título estadual pelas bandas do Baenão.

Com salário de R$ 3 mil e com contrato até 2017, Rony acabou como o destaque da equipe no Campeonato Paraense. Até os jogadores mais experientes se renderam ao talento, cria da base remista. “Eles vão sofrer com o Rony”, disse Ratinho, em uma conversa informal, após um treinamento da equipe de preparação para a grande final do Parazão. Ratinho brincou, tirou uma onda, mas tinha um quê de verdade. Aliás, tinha muito de verdade.

Rony foi a válvula de escape do time e sua velocidade e habilidade fizeram desmoronar bons esquemas de jogo formados por jogadores do Paysandu. Que o diga o volante Ricardo Capanema e o zagueiro Charles.

“Não tenho medo de cara feia. Se eles são homens, também sou. Vou pra cima, não me intimido e tento só fazer o meu jogo”, falou Rony. A personalidade não ficou apenas nas palavras, pelo contrário. Ele foi alçado à condição de titular em um momento difícil do clube, quando as dúvidas e questionamentos já faziam parte da rotina azulina. Sem ligar para a responsabilidade, ele resolveu entrar e jogar bola. Fez isso como poucos jogadores mais gabaritados do elenco fizeram este ano.

Não foi só o Paysandu que penou com as peripécias de Rony. São Francisco, Independente e Paragominas foram as primeiras equipes a sofrer com o jovem atacante azulino. As duas primeiras defesas tomaram gols arquitetados por Rony. Contra o Galo Elétrico, talvez um dos gols mais bonitos do campeonato. Rony, ao receber lançamento de Athos, tocou por cima do goleiro, tornando realidade um sonho de criança.

“Não nego que penso em ir para grandes equipes, mas gosto do Remo e quero primeiro me firmar aqui, conquistar os nossos objetivos, que são títulos e gols, para depois pensar em algo maior”, garantiu, sobre uma possível transferência.

Diante do PFC, Rony colocou uma bola na frente e foi calçado dentro da grande área. Seria o pênalti que resultou no gol da vitória do time na última rodada da fase classificatória do returno.

No entanto, os lances e gols contra os times menores não têm o peso de fazer algo frente ao Paysandu. Rony foi um dos melhores, senão o melhor jogador da primeira partida da decisão. Não fez gol, mas deu passe para gol e criou lances perigosos de ataque.

“Quero manter o foco e atingir meus objetivos de vida, dar conforto para a minha família”, disse o jogador, que já foi mototaxista, fazendo um “bico” para se segurar. Com essa vontade, personalidade, e futebol, alguém dúvida?

O Liberal, 09/06/2014