Apoiadores da chapa de situação à presidência do Remo promoveram um evento que reuniu vários dirigentes e ex-dirigentes do clube. Foi uma palestra, em um hotel no centro de Belém, conduzida por Fernando Ferreira, executivo da empresa Pluri Consultoria.
A ideia da alta gestão do Remo é viabilizar uma parceria com a empresa, para administração em diversas áreas relacionadas ao Departamento de Futebol Profissional. Como o clube vive um processo eleitoral, com o pleito agendado para o dia 08/11, não há qualquer indicativo de que o acordo entre o Remo e Pluri se torne realidade. Até o momento, a relação se limitou a palestra e ao repasse de números internos do Remo. É a primeira aproximação entre as partes.
O mestre de cerimônia foi o atual presidente azulino, Zeca Pirão. Em um discurso forte e emotivo, embora rápido, Pirão conclamou a união dos grandes remistas, tomando como base o rival Paysandu. “Sei como eles trabalham lá do outro lado e é diferente do que a gente faz aqui. É preciso mudar”, frisou.
O dirigente disse que foi cobrado até por torcedores bicolores sobre o péssimo momento azulino. O Remo foi campeão estadual, mas sucumbiu em meio a disputas regionais e do Brasileirão. Foi eliminado da Copa Verde, da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro da Série D. A última queda frustrou o objetivo principal do ano, que era o acesso a Série C do Brasileirão.
As palavras de Zeca Pirão, de fato, tiveram alguma ressonância. De forma surpreendente, até os candidatos da oposição participaram da palestra. O empresário Pedro Minowa e o médico Henrique Custódio, candidatos a presidente e vice-presidente do Remo, respectivamente, sentaram ao lado de Zeca Pirão e Marco Antônio Pina, que estão encabeçando a chapa “Unidos para a luta”.
“O Remo é um só, não é do Zeca Pirão, do ‘Magnata’ e nem de ninguém. Precisamos estar unidos e pensar no clube”, frisou Marco Antônio.
Por volta de 20h, o executivo Fernando Ferreira assumiu a condução da palestra. Ele ilustrou o bate-papo com a exibição de uma apresentação. Ferreira falou sobre o panorama do futebol nacional, expondo números de arrecadação de vários clubes brasileiros, comparando-os com agremiações internacionais. Segundo Ferreira, em geral, o futebol brasileiro é amador.
O executivo citou o Atlético (PR) como exceção, no entanto, enumerou Corinthians (SP) e o atual líder do Brasileirão, Cruzeiro (MG), como exemplos de gestões duvidosas. A recomendação, segundo a Pluri, é simples e até elementar: gastar menos do que se lucra.
“É necessária a presença de pessoas profissionais e preparadas dentro do clube. O presidente não é o executivo (de futebol). Esta figura tem que fazer parte da estrutura”, discursou Fernando Ferreira.
Outros assuntos foram debatidos, como a obrigatoriedade de investimento nas categorias de base, setor considerado estratégico pelo executivo. O modelo de clube-empresa também foi um assunto relevante. Fernando indicou que uma recuperação financeira de qualquer clube, considerando o futebol moderno, está relacionada a exploração comercial da marca. “A saída também é o clube ter um sentido de entretenimento, com credibilidade. A credibilidade é fundamental”, definiu.
O futebol paraense, sobretudo o Remo, foi pouco analisado, porém. Fernando Ferreira ainda está conhecendo a realidade azulina.
Amazônia, 28/10/2014