O Remo vai começar o ano praticamente de uma forma mais preocupante que nos anteriores. O clube não tem elenco. Apenas 8 jogadores possuem contrato para 2015 e mais alguns garotos da base. Quem está apalavrado para voltar, esteve no grupo que afundou na Série D desse ano. Os dois candidatos quando ainda estavam em campanha, Zeca Pirão e Pedro Minowa, falavam em trazer treinadores de nome, com salários fora da realidade local. Se isso fazia apenas parte do rol de promessas de campanha, os próximos dias dirão.
Os erros apresentados até aqui são muitos. Começam pelo amadorismo na gestão. A despeito de esse ano, uma reforma começou no Baenão, mas ela está inconclusa e a iniciativa do então presidente Zeca Pirão esbarrou na falta de competência para a montagem da diretoria e na contratação de jogadores.
Ninguém pode dizer que Pirão foi omisso, pelo contrário. Nos bons e maus momentos, ele sempre esteve na linha de frente, mas alguns atos eram tão óbvios que dariam errado justamente por serem repetições do que foi feito em anos anteriores.
A valorização das categorias de base continua sendo apenas um discurso vazio a cada ano. O que deixa a situação mais incompreensível é que, mesmo com a falta de estrutura, novos valores são revelados e pouco aproveitados. Não são poucos os casos dos que deixam o clube, como pode acontecer com o meia Jhonnatan, que fica sem contrato no fim do mês e não tem garantia de permanecer. Campos ruins para treinamentos, falta de pagamento aos que trabalham com a base e pouca perspectiva de utilização fizeram com que muitas promessas deixassem o Remo antes mesmo de virarem realidade com a camisa azulina.
Eduardo Ramos, Zé Soares, Athos, Thiago Potiguar e Leandrão. Isso para ficar apenas em 2014. Com exceção do primeiro, nenhum dos outros tinha um passado recente que referendasse uma contratação a valores tão altos. Todos fracassaram. O meia Eduardo Ramos ainda é lembrado pela grande atuação que teve na primeira partida decisiva do Parazão, vencida por 4 a 1 pelo Leão Azul, mas foi só. O custo benefício não valeu e o jogador ainda tem mais um ano de contrato. Em temporadas anteriores, a falta de planejamento na formação dos elencos também acabou acarretando problemas com pagamentos e desempenhos fracos em campo.
Os dois candidatos que disputaram a eleição de ontem prometiam algo de diferente aos anos anteriores, a contratação de um executivo para comandar o futebol. Um profissional com experiência e que seria remunerado para planejar o elenco para 2015. Se o vencedor do pleito cumprir essa promessa, será um avanço e tanto. Em 2008, com o mesmo Sérgio Papellin que hoje tem atuação destacada no rival Paysandu, o clube azulino tentou dar um salto na gestão, mas a crise financeira da época impediu qualquer avanço. De lá para cá, o futebol esteve sempre nas mãos de colaboradores, na maioria neófitos em futebol, que ajudaram a traçar caminhos quase sempre errados.
Um clube de massa como o Remo cobra resultados de imediato. Quem dirige, sabe que a torcida não perdoa uma perda no momento para que algo melhor seja colhido adiante. Quer vencer sempre. Por isso que um dirigente não pode ser apenas um torcedor. Tudo bem que há exemplos de falta de estrutura que não impediram um time de ter bons resultados mas, mesmo com uma estrutura deficitária, o maior rival azulino deu um salto considerável ao construir uma academia, ter feito uma pequena mas substancial reforma no estádio e, principalmente, ter tratado com mais profissionalismo e cuidado suas contas. O Leão Azul depende do resultado do Parazão para seguir adiante no Campeonato Brasileiro, mas exagerar nos gastos em uma competição para lá de deficitária não ajuda em nada.
Amazônia, 14/12/2014