Aos 18 anos, a única experiência de Ronielson Silva Barbosa com o futebol era nas peladas do município de Magalhães Barata. Lá, o tempo para jogar bola era pouco. Vindo de família pobre, Rony passava a maior parte do tempo trabalhando em uma fábrica de farinha para colaborar na renda de casa. Tudo virou de ponta-cabeça em abril desse ano. Após passagem relâmpago de poucos meses pelo Sub-20 azulino, o atleta estreou marcando um gol que salvou o Clube do Remo de uma derrota.
No empate em 1 a 1 com o São Francisco, as arquibancadas do Mangueirão tinham mais torcedores presentes que os 8 mil habitantes da sua cidade natal. Quando iniciou a partida, o Remo era um time em crise. Dois meses mais tarde, era campeão paraense após 6 anos de jejum. Entre um estágio e outro, o desempenho arrebatador do jovem atacante de Magalhães Barata.
Rony voou baixo em campo. Titular no ataque azulino por praticamente toda a temporada, marcou um gol e participou dos outros três na goleada por 4 a 0 sobre o Independente, que garantiu o Remo na Série D.
No primeiro jogo da final do Parazão, goleada por 4 a 1 sobre o rival Paysandu, não marcou, mas participou da jogada de 3 gols e ajudou a decidir o jogo. Durante a Série D, embora tenha oscilado, também teve momentos de brilho, como na goleada por 4 a 2 sobre o Guarany de Sobral (CE), fora de casa, quando marcou 2 gols e fez uma assistência.
O talento de Rony não consegue esconder as dificuldades de um atleta que quase não teve experiência na base. Muito afoito, o atacante acaba desperdiçando muitas chances de marcar por tropeçar nas próprias pernas ou finalizar antes da hora. Uma qualidade que o tempo, experiência e prática de fundamentos podem ajudar a corrigir.
O atacante também precisa tomar cuidado com a barreira onde muitas revelações brecam. O jovem Albertinho era ídolo da torcida bicolor no final de 2001. No final de 2002 era apenas um reserva do time.
Se conseguir manter a cabeça no lugar e driblar o maior assédio de imprensa, torcida, marcadores adversários, empresários e aproveitadores, e focar no aprimoramento do seu jogo, Rony pode se tornar para o Leão algo similar ou ainda maior do que Yago Pikachu se tornou para seu grande rival. O ano de 2015 promete para Rony e para a torcida.
Diário do Pará, 28/12/2014