A homenagem é justa: Alcino Neves. É a referência ao maior jogador azulino de todos os tempos, que empresta seu nome ao primeiro Centro de Formação de Atletas (CFA) do Clube do Remo. O nome do “Negão Motora” foi estampado no muro de entrada do local, próximo à praia de Outeiro.
Embora em vida Alcino não tenha sido dos mais aplicados, sua genialidade com a bola inspira e alimenta o sonho de que um dia o Leão Azul volte a ter seus grandes ídolos. Candidatos não faltam: na última quinta-feira (29/01), dezenas de garotos disputavam a peneirada, mesmo sob um forte calor, em nome de um sonho.
A proposta do Departamento de Base é iniciar a temporada fazendo testes para resgatar valores e juntá-los às 3 categorias absorvidas no local. Sub-15, sob o comando do treinador Lindomar; Sub-17, com o técnico Rodrigo; e o Sub-20, ainda sem treinador, após a saída de Valter Lima.
“Ao todo, nós vamos atender cerca de 90 atletas, contando com as 3 categorias”, explica o diretor Paulinho Araújo. Elias Braga e Fernando Silva também comandam a base azulina. Aliás, o trio trabalha pesado, mas conta com o auxílio de uma grande equipe.
“São cerca de 15 funcionários dedicados exclusivamente para cá. Temos roupeiros, enfermeiros em tempo integral, técnicos, auxiliares, cozinheiro, vigias, tudo para cuidar da nossa formação de atletas”, prossegue.
A base azulina agora é outra. Deixou a esfera do planejamento e passou a ser realidade. “Nós estamos fazendo uma série de reformas. Ainda não está concluído, mas já temos o suficiente para trabalhar bem com os garotos”, ressalta Paulinho.
Garotada também tem atenção fora de campo
Formar um atleta de futebol não é tarefa fácil. Requer disciplina, estrutura e tempo. A depender da quantidade de atletas, a missão se torna ainda mais indigesta. Por outro lado, quando os talentos despontam, as chances de entrar no elenco profissional são bem maiores do que aqueles que tiveram menos cuidado com tudo o que envolve a formação de um atleta.
“Nós não pensamos somente no futebol, é preciso formar o cidadão. Temos uma assistente social que visita a casa desse atleta e verifica as condições de vida. Nós exigimos ver o boletim do garoto para saber se ele estuda. Então, nós formamos um cidadão para tudo, caso ele não venha a ser aproveitado aqui”, explica o diretor Elias Braga.
Daí vem o nome do local, que ao invés de Centro de Treinamento, assume uma conotação maior. “O Centro de Formação de Atletas abrange o trabalho que fazemos aqui. Um atleta formado é um cidadão”, ressalta.
Todos eles vão receber ajuda de custo. No local, 30 atletas vão residir, sendo prioridade os que vierem do interior do Estado, enquanto os demais ficam em tempo integral e saem para a escola e depois suas casas. Ao todo, são 9,4 hectares de área, com 3 campos de futebol e toda estrutura em volta, destinadas ao Clube do Remo por 2 anos, renováveis por igual período.
A intenção da diretoria é bem clara: prosseguir com a boa safra de atletas que estão surgindo nos últimos anos, mas com a possibilidade de aumentar esse número, utilizando uma estrutura sólida e consistente, que forme o jogador para o futuro, sem correr o risco de desperdiçar talentos como já foi tradição no futebol paraense.
Diário do Pará, 31/01/2015