Mais um dia decisivo para a torcida azulina, que dessa vez, vai acompanhar de forma bem distante e sem poder interferir no desenrolar das atividades. Sem torcida gritando nas arquibancadas, o Remo decidirá seus rumos nos próximos dois anos no salão do clube na Avenida Nazaré, onde será realizada a eleição para presidente do Conselho Diretor do clube.
De um lado, Sérgio Cabeça toma a frente de uma chapa mais uma vez nominada “Seriedade e Reconstrução”, nome pelo qual foi eleito em 2010. Cabeça desta vez vem acompanhado de Zeca Pirão como seu vice. Pirão é um nome novo na política azulina, embora seja conhecido da política da Câmara Municipal de Belém, onde foi eleito vereador esse ano e já cumpriu outros mandatos.
Seu opositor, Roberto Cavaleiro de Macedo, vem com uma chapa cujo nome é também seu mote: “Profissionalização”. Acompanhando Roberto está Max Fernandes Junior, nome não apenas novo, mas também jovem. Aos 39 anos, Max é o sopro de juventude nas eleições azulinas, marcadas por um sistema arcaico de votação fechada e por um grupo de candidatos e votantes predominantemente de idade avançada.
Presidente quer zerar as dívidas
O atual presidente azulino Sérgio Cabeça tem 65 anos, quase 50 deles vividos junto ao Clube do Remo, onde foi atleta de basquete a partir de 1964. Engenheiro de formação, Cabeça já havia assumido diversos cargos dentro do clube, como diretor de futebol, presidente do Conselho Deliberativo e presidente de junta governativa antes de sua eleição em 2010, ocasião em que derrotou o grupo liderado por Henrique Custódio.
Vencedor do último pleito, Cabeça teve uma primeira gestão marcada pelos insucessos no futebol, carro-chefe do clube, mas alega que sua administração conseguiu realizar um profundo saneamento nas economias do clube e no setor jurídico. “Quero terminar o trabalho de saneamento do clube. Ao final de meu segundo mandato, teremos a dívida do clube zerada”, promete Sérgio.
Para o próximo mandato, ele ambiciona a profissionalização dos diversos setores do Remo e uma retomada do investimento na estrutura. “A partir do momento em que tiramos o clube da situação de dívidas incontroláveis, é o momento de voltar a levar o Remo ao seu lugar de grandeza. Não só no futebol nacional, mas também como clube”, define Sérgio que estabelece como meta ainda para 2013 o acesso à Série C do Brasileirão.
Seu candidato a vice tem um passado no clube, onde foi jogador de futebol amador e atendia pelo nome de Zé Wilson. Nos bastidores azulinos, Zeca Pirão é um novato. A convite de Cabeça, aceitou o desafio de emprestar sua experiência como administrador, sua área de formação, e seu prestígio político para o clube. “Desde o convite estamos reunindo constantemente com a direção e já apresentei alguns potenciais parceiros, que só estão aguardando o fim da eleição”, afirmou o candidato a vice.
Roberto Macedo não é exatamente um candidato novo
O médico Roberto Hesketh Cavaleiro de Macedo tem 74 anos, cerca de 50 deles ligados ao Remo. Representa um outro período da história do clube de Periçá, quando o futebol de base e os atletas regionais eram mais valorizados. Ex-diretor de esportes amadores, futebol amador e profissional, gaba-se de ter ajudado a formar diversos atletas na base azulina, dinâmica que ele tem como meta retomar no Clube do Remo, afinal, “time sem futebol amador não tem alma”, define.
Apesar de alguns anos afastado dos bastidores, Roberto nunca deixou de torcer pelo clube e se diz espantado com algumas situações que encontra atualmente. “O Remo tem um excelente preparador de goleiros que é o Edson Cimento, mas a cada troca de comando trás uma nova comissão técnica junto. Para um clube nas dificuldades financeiras que nos encontramos, isso não tem cabimento”, cita.
Macedo, tal seu adversário Cabeça, não apresenta a relação de nomes para assumir cargos de diretoria em caso de vitória nas eleições, mas cita que pretende criar alguns postos novos dentro da estrutura do clube. “Vamos criar uma departamento feminino do Clube do Remo e pretendemos inserir outras estruturas para renovar a feição do clube”, assegura o candidato.
Sobre seu vice, Max Fernandes Junior, ele afirma que representa a renovação do clube. “Estou preparando o Max para dirigir o Remo no futuro”, define Macedo. O candidato relembra que a transição é necessária pois os atuais dirigentes no clube não estarão presentes para sempre. “Lembro-me de quando era jovem e queria ajudar o clube mas não conseguia espaço por conta dos dirigentes da velha guarda que não abriam espaço. Não quero que isso aconteça com gente da geração do Max”, afirmou.
Diário do Pará, 06/12/2012