Cacaio
Cacaio

Crise entre presidência e Conselho Deliberativo, jogos de portões fechados, insatisfação dos jogadores por salários atrasados… Além de pensar na parte tática, o técnico Cacaio ainda tem que lidar com esses problemas no Remo. As dificuldades administrativas na gestão de Pedro Minowa têm atrapalhado os trabalhos do treinador, que viu o futebol profissional parando as atividades por 3 dias, cobrando o pagamento dos valores referentes à moradia de alguns atletas, além de 50% do salário de abril e o valor integral de maio.

Os conflitos internos do Remo já haviam sido refletidos anteriormente entre os jogadores, que durante a disputa do Campeonato Paraense e Copa Verde se recusaram a concentrar antes dos jogos. Porém, liderados pela chegada de Cacaio, que estava no Cametá, o grupo azulino prometeu uma união em torno da conquista do Parazão, mesmo com a insatisfação diante das atitudes da diretoria, que na época era acusada de ficar distante do elenco. No final, o Leão garantiu a vaga na Série D do Brasileirão.

O grande “medo” de Cacaio é que, dessa vez, o planejamento não siga adiante. Consciente, ele espera que a situação seja resolvida agora, faltando menos de um mês para a estreia do clube na competição nacional.

“A gente espera que isso tudo não venha atrapalhar. Lógico que sabemos que problemas extracampo geralmente são ruins no futebol, principalmente quando se fala em dinheiro. Tivemos uma conversa com a diretoria e eles prometeram pagar o auxílio moradia atrasado ainda hoje (segunda-feira) e os 50% (dos salários de abril) até o final do mês. O restante eles vão correr atrás. Vamos cobrar, pois precisamos do que foi prometido, mas temos que trabalhar para tirar o Remo dessa situação”, comentou.

Cacaio não viu uma greve na atitude dos jogadores, mas um alerta para as dificuldades que o Remo enfrenta administrativamente. Ele apoia a paralisação dos atletas e espera uma resposta rápida dos dirigentes para que o problema não se repita durante as disputas da Série D.

“Apoiamos o que aconteceu, é uma causa legítima, mas também lamentamos toda essa situação. É preciso muito trabalho, pois lá na frente vamos ser cobrados, independente de parar de treinar, receber (os salários) ou não. Não foi uma greve, mas um aviso do que pode acontecer lá na frente, caso a diretoria não se mexa. Esperamos que eles consigam cumprir com o que foi prometido nesses meses que virão. Dentro de campo, nós vamos tentar resolver o que nos cabe”, disse.

Na volta aos trabalhos na manhã desta segunda-feira (15/06), os atletas estavam descontraídos, sem transparecer o clima difícil pela falta de salários. O técnico Cacaio revelou que vem conversando com o grupo para que as dificuldades internas sejam encaradas da melhor maneira possível e que os dias sem treinos não vão atrapalhar a sequência do planejamento. Ainda de acordo com o comandante, o Remo precisa ter cuidado para não correr o risco de, mais uma vez, deixar o acesso à Serie C escapar.

“Esses dias (parados) não atrapalharam, foi como se tivéssemos dado uma folga para o grupo, mas espero que não venha acontecer novamente. Tudo isso é muito difícil, mas estamos nos reunindo, tentando separar a parte administrativa e financeira da de campo. Se o Remo mais uma vez disputar a Série D e não subir, vamos todos perder o ano. Agora temos que apostar em nós na busca de passar por esse desafio do acesso. Esperamos coisas boas da diretoria. Caso não venham, vamos continuar lutando do mesmo jeito”, concluiu.

Globo Esporte.com, 15/06/2015