O cearense Fred Gomes, 36 anos, tem sido, desde a eliminação prematura do Remo do Parazão, alvo de críticas, que são disparadas por torcedores e, principalmente, segmentos da imprensa esportiva local. Há quem diga que até mesmo dirigentes do próprio clube não aprovem o trabalho desenvolvido pelo gerente azulino desde 2015.
Gomes, que já passou pelo Ceará (CE), Icasa (CE) e Federação Cearense de Futebol, ocupando a mesma função, é taxado de autoritário e, para os críticos mais radicais, até mesmo de ditador. Neste bate-papo, ele rebate as críticas e fala ainda, entre outros temas, das contratações feitas pelo Leão e que não deram certo, já que para alguns azulinos ele foi o principal responsável pela vinda desses atletas para o futebol.
Qual a sua responsabilidade nas contratações dos jogadores que não deram o retorno esperado durante o Parazão, competição em que o Remo foi eliminado no meio do caminho?
Todas as contratações que foram feitas e as que estão sendo feitas agora, saem de um consenso. Todas são avalizadas por um grupo. Se a função do executivo é só contratar e demitir, acho que estou no lugar errado. O executivo, gerente, ou como queiram chamar, precisa ter as suas atribuições entendidas. Não é pelo fato de ser remunerado que tenho de cumprir ordens. Divido responsabilidade. Sou o elo entre a comissão técnica, os atletas e a direção para facilitar o trabalho do diretor estatutário. O item contratação não é definido apenas por mim. Ele parte de um colegiado, formado pelo treinador, dirigentes e Departamento Médico.
Dizem que o volante Michel foi trazido para Belém depois de ter encerrado a carreira. Existe fundamento?
Isso é uma grande mentira. Isso é invenção de rede social. O atleta Michel, que trabalhou em alto nível nos clubes por onde passou, no ano passado optou por não jogar. Na época, ele chegou a ser procurado pelo próprio Remo, que lhe ofereceu salário superior ao que ele ganha hoje aqui. Até o contrato oferecido dava uma estabilidade bem maior. No Ceará (CE), ele chegou a ter salário de até R$ 45 mil. É um jogador que tem acesso com o Vitória (BA) e com o Ceará (CE). As pessoas gostam de jogar a responsabilidade nos meus ombros pelo fato de ter trabalhado com o atleta no Ceará (CE).
Onde ocorreu o erro para que o planejamento para o Parazão não tenha frutificado?
Não foi bem um erro. O que ocorreu foi uma conjuntura de mau planejamento. Depois da Série D, optamos por tirar proveito daquilo que havia dado certo na competição. A gente procurou manter os atletas que deram certo, com exceção do Matheus Muller, mas o processo político, sem que a gente conhecesse quem seria o presidente, vivido pelo clube naquele momento, nos trouxe dificuldade. Este foi um dos pontos. Também não havia dinheiro em caixa. A cota de televisão, por exemplo, estava bloqueada. O que a gente tinha era a arrecadação de bilheteria e do sócio-torcedor, que não era suficiente para pagar o orçamento que fizemos.
Hoje, com a saída do Remo do Parazão consumada, você admite ter ocorrido um erro na contratação do técnico Leston Júnior?
Não. Acho que tudo aquilo que foi planejado tinha como meta dar certo. Dentro desse planejamento estratégico optamos por um treinador jovem, que havia conseguido um acesso importante, como foi o acesso do Tupi (MG), uma equipe de menor expressão, da Série C para a B do Campeonato Brasileiro. Infelizmente, os resultados não vieram. Seria muito leviano de minha parte jogar toda a responsabilidade nas costas de um treinador que já foi embora.
De onde vem tanta contestação ao seu trabalho no Remo?
As pessoas que aplaudiram o Fred quando ele conseguiu o título paraense e o acesso da Série D para a C no ano passado, hoje fazem críticas. O grande problema do Remo é o próprio Remo. As pessoas estão acostumadas à gestões amadoras. Não trato o futebol como brincadeira. Desde que cheguei aqui, procurei ser o mais profissional possível. Cometer erro, posso cometer, é normal, mas tornar o clube um brinquedinho não vou aceitar nunca. Aceito as críticas quando cometo erros, desde que essas críticas sejam construtivas e não pessoais, com o objetivo de denegrir a minha imagem e o meu trabalho.
As contratações que estão sendo feitas agora também estão saindo de um consenso?
Continuamos com os mesmo critérios. Não mudou nada. Aqui temos de ter seriedade e capacidade de assumir as responsabilidades. O técnico Marcelo Veiga e nós apresentamos nomes que são analisados pelo grupo. Dependendo dessa análise, o jogador é contratado ou não.
O enxugamento recente da comissão técnica teve a sua participação?
Quando o Marcelo chegou aqui, ele fez algumas observações. Uma delas é a de que gostaria de trabalhar com a sua própria comissão técnica. Dentro disso, a diretoria resolveu diminuir um pouco o número de integrantes da comissão, reduzindo os gastos, que eram altos.
Diário do Pará, 17/04/2016