André Cavalcante, advogado, 45 anos, completa 100 dias como dirigente máximo do Clube do Remo esta semana. Neste período, o presidente azulino tem enfrentado tempestades, trazidas pelos ventos fortes que sopram em direção ao Baenão, mas seguido firme.
Mesmo com um curto mandato na presidência, que se encerra em novembro, o presidente azulino plantou boas sementes e espera que o clube colha, no futuro, bons frutos.
André está diante de um desafio imenso, sobretudo para quem sempre foi torcedor de arquibancada, defensor de causas jurídicas e membro da diretoria de futebol. Foi na lida diária com o futebol remista que o advogado André Cavalcante foi incentivado pelos companheiros a concorrer à eleição, em janeiro. Na ocasião, o apoio do presidente do Conselho Deliberativo, Manoel Ribeiro, foi decisivo para que a chapa liderada por Cavalcante vencesse os concorrentes na dura disputa eleitoral.
Eleito, André Cavalcante ousou e fez em alto e bom som o convite para os demais candidatos azulinos – Zeca Pirão, Coronel Alcebíades Maroja e Antônio Mileo Júnior – a compor a diretoria ao seu lado. Nenhum acenou de forma positiva.
Como na vida tudo segue, André se ligou aos problemas do clube, em especial ao financeiro. Nesta área, o comandante azulino enfrentou as maiores tormentas. Recentemente, o Remo teve o leilão da Sede Náutica, berço remista, sustado. O Carrossel, outro nó nas contas azulinas, continua sob penhora. As dívidas trabalhistas, que põem o patrimônio do clube em risco, se impõem diariamente. Situação que, na visão de André Cavalcante, agora está sob controle.
No futebol profissional, a gestão está em dia. “Não sou irresponsável de prometer coisas que estão além das nossas possibilidades”, diz o presidente, lembrando que o clube investiu em muitos jogadores que não deram certo e está pagando pelo erro na Justiça. “O cara não fez nada, mas na Justiça ganha tudo. Posso garantir que nenhum jogador contratado na nossa gestão vai reclamar na Justiça. Uma coisa é respeitar os direitos do profissional, outra é afundar o clube em dívida. Até novembro deste ano, o Remo estará organizado”, garante.
O presidente destaca o trabalho de grupo no Leão Azul com reformas no ginásio Serra Freire, na Sede Social e no estádio Evandro Almeida, que segundo ele, vai ser reaberto em agosto de 2016. “São obras para revitalizar o clube de um modo geral”, explica. “Estou focado nos problemas atuais, com a missão de restabelecer a grandeza do clube. É um compromisso nosso para os torcedores, que são os nossos principais patrimônios”, pontua.
[colored_box color=”yellow”]Torcedores ajudam a reerguer o Baenão
André Cavalcante sabe muito bem a distância entre Remo e Paysandu na organização de clube como empresa de futebol. Enquanto o rival se destaca com suas obras de ampliação, o Remo procura recuperar patrimônios dilapidados, como o Baenão, fechado há 2 anos, dando enorme prejuízo ao futebol. Ele diz que se o Remo tivesse jogado no seu campo, não teria sido eliminado precocemente do Parazão.
“O Remo não joga e nem faz coletivo porque o gramado não aguenta. Pagamos para realizar coletivo nos campos dos outros, mas acredito que isso vai ter fim em agosto, quando o nosso estádio será liberado”, diz.
A reabertura do Baenão depende da venda de peças de porcelanato que estão sendo implantados no estádio. A obra está orçada em R$ 900 mil e cada peça com nome do seu comprador é vendida ao preço de R$ 150. Toda a prestação de contas será publicada no site do clube. “O torcedor ajuda o clube a voltar para a sua casa comprando o porcelanato”, explica.[/colored_box]
Carrossel vai virar área de conveniência
O espaço anexo ao Baenão, conhecido como Carrossel, em breve, será convertido em uma área de conveniência. A diretoria está fechando uma parceria com uma empresa para ter sua obra imediata. O projeto está sob aprovação do Condel e, segundo o presidente, em 60 dias o Carrossel deixará de ser espaço ocioso depos de 23 anos.
O futebol não chega a tirar o sono do dirigente tanto quanto o caso do Profut – Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro – lançado em agosto de 2015. O Remo não aderiu ao programa no prazo estabelecido, mas o presidente vem “quebrando a cabeça” para ajustar o clube no programa, que parcela as dívidas em 20 anos. O grande problema para o Remo é reunir a documentação da prestação de contas das gestões dos ex-presidente Sérgio Cabeça e Zeca Pirão.
“O Profut é muito importante, pois vamos controlar uma dívida que é um terror para o clube. Além disso, teríamos inúmeras vantagens para termos novos patrocinadores”, afirma.
Amazônia, 08/05/2016