Waldemar Lemos foi apresentado como novo técnico do Remo nesta quinta-feira (30/06). É o terceiro comandante em 6 meses. Média preocupante, que revela erros nos critérios de contratação e expõe os desacertos que rondam o futebol azulino neste primeiro semestre. Os antecessores – Leston Júnior e Marcelo Veiga – não conseguiram acertar a mão, embora o segundo tenha sofrido a rebordosa deixada pelo primeiro.
Em meio a tudo isso, um aspecto positivo: Lemos herda um cenário bastante favorável para iniciar trabalho. Com 9 pontos ganhos, o Remo é o 4º colocado no grupo, apesar de tropeços inexplicáveis dentro de casa – derrota para o ASA (AL) e empates com Botafogo (PB) e ABC (RN).
Veiga deixou para o sucessor uma situação oposta à que recebeu de Leston Júnior e a chance real de conduzir o time à classificação, com boas chances de brigar pelo acesso à Série B.
Para que isso se concretize, com Lemos correspondendo à expectativa da diretoria e às exigências da massa azulina, o time precisa mostrar regularidade na competição. Acima de tudo, caberá ao novo técnico dar um perfil vencedor e mais determinado ao grupo de jogadores.
Os problemas mais evidentes estão na defesa, onde o miolo de zaga não passa confiabilidade, errando muito no jogo aéreo e sofrendo gols em quase todas as partidas.
Waldemar Lemos terá, ainda, que dar um jeito na instabilidade do meio-de-campo, onde nenhum volante transmite segurança e não há um meia armador que garanta uma transição correta. Sem isso, o ataque continuará órfão e dependente de uma única jogada: cruzamentos sobre a área.
Com Veiga, o Remo não conseguiu vencer em Belém e só se impôs jogando longe de seus domínios. As vitórias fora de casa garantem a boa colocação atual, mas precisam ser vistas com realismo: os adversários derrotados são os piores da competição – Confiança (SE) e River (PI).
Para seguir no G4, será necessário conquistar mais do que bons resultados como visitante. Acima de tudo, falta ao Remo a gana e o empenho para ganhar diante de sua apaixonada torcida. Lemos, ao contrário de Veiga, que chegou a avaliar a pressão do torcedor como um fator negativo, deve investir na pacificação entre time e arquibancada.
Jamais o Remo chegou a algum lugar sem o apoio decisivo e vibrante de sua torcida. Abrir mão disso é, além de burrice óbvia, um tremendo tiro no pé em termos de captação de recursos. Afinal, o clube está de pires na mão, sofrendo com os prejuízos acumulados no Campeonato Paraense e na Copa Verde, que acarretaram sérios problemas para manter os salários em dia.
Muito além das promessas protocolares, o técnico deve falar a linguagem do torcedor. Clubes de massa não podem ser representados com excesso de parcimônia e diplomacia. Leston e Veiga ficavam como estátuas ao lado do campo, braços cruzados e indiferentes ao resultado e aos humores da galera. O “zen-budismo” não combina com a vibração do futebol. Para tanto, é imperioso que Lemos seja alertado para o papel do Fenômeno Azul na história recente do Remo.
Por fim, alguém no clube deve informar ao treinador que chega sobre a presença no elenco de jogadores caseiros que podem contribuir muito para tirar o time da mesmice. Tsunami merece uma chance, seja na defesa ou no meio-campo. Magno, idem. Até João Victor poderia ser lembrado de vez em quando. Todos foram deixados de lado até agora.
Blog do Gerson Nogueira, 01/07/2016