O que determina a vitória em um clássico com dois esquemas táticos distintos e expostos, decidido em pequenos detalhes? Talvez a magia do Re-Pa resida justamente no imprevisível, e embora o resultado tenha sido contestado como tradicionalmente acontece do lado derrotado, por parte dos técnicos, a análise compete um pouco mais de profundidade.
O técnico Lecheva foi enfático ao dizer que sua equipe foi melhor durante os 90 minutos. “Foi um jogo disputado, mas no meu entendimento a equipe do Paysandu foi superior, teve maior domínio de bola, as melhores ações e jogadas trabalhadas. O goleiro deles trabalhou mais que o nosso, mas futebol é eficiência e eles foram mais eficazes”, admite.
O Paysandu veio a campo no 4-4-2, onde tradicionalmente explorava as jogadas laterais com Yago Pikachu. O Remo já se encontrava taticamente bem modificado. Ao invés do 4-4-2, Flávio Araújo apostou na formação com três zagueiros e dois volantes e o lateral-esquerdo Berg conseguiu anular o forte Pikachu, isso até a entrada de Iarley, que causou uma verdadeira confusão na mente do técnico azulino, que por pouco não ficou sem opção de reação.
“Inteligentemente, o Lecheva colocou três atacantes e nos dominou. Mas por incrível que pareça, depois que nós tomamos o gol, conseguimos acertar o nosso posicionamento e passamos a jogar e fazer um jogo mais equilibrado, sendo premiados com mais um gol e uma grande vitória”, assume Flávio Araújo, que viu no contra-ataque a única solução, perfeitamente encaixado no lance do segundo gol, como o próprio Lecheva enxergou.
“Estávamos com número igual de defensores do que jogadores do Remo. O problema foi a volta, o Remo saiu um pouco mais rápido e no contra-ataque temos que matar a jogada, mas não aconteceu”, reiterou Lecheva. O placar de 2 a 1 refletiu não só o oportunismo azulino, mas o poder de superação de um elenco novo e uma grande constatação: a beleza de um clássico está nos detalhes.
Diário do Pará, 28/01/2013