Campeonato Brasileiro Série C
Campeonato Brasileiro Série C

A divulgação do calendário do futebol brasileiro para 2019 não mudou a posição dos clubes em relação à Série C. Há um consenso entre eles – especialmente os do Norte e Nordeste – que a fórmula em vigor desde 2013 precisa mudar.

Alguns clubes chegaram a encampar um movimento para a adoção dos pontos corridos, como já acontece nas Séries A e B, mas no fim, nada feito.

Com o calendário divulgado nesta quarta-feira (03/10), a CBF deixa claro que pretende manter o atual regulamento, com 2 grupos de 10 times, e as fases de quartas-de-final, semifinal e final.

Prevaleceu o fator econômico, mantendo 24 rodadas, contra 38 caso o sistema de pontos corridos vingasse.

Os times, no entanto, não desistiram. Liderados pelo Náutico (PE), o bloco nordestino vai se reunir nesta quinta-feira (04/10) em Natal (RN) para discutir melhor o assunto. Além de Edno Melo, presidente do clube pernambucano, estarão presentes os dirigentes de Santa Cruz (PE), ABC (RN), Confiança (SE) e Botafogo (PB).

“Nada está definido, até porque ainda não houve um Conselho Arbitral da Série C. A gente entende que são os clubes que decidem a fórmula de disputa”, disse Melo.

“O calendário divulgado pela CBF é apenas um esboço e ainda pode mudar. Já houve um avanço, já que agora a Série C só termina em outubro, mas é preciso discutir ainda mais a fórmula para atender todos os clubes”, completou.

Ele se refere, entre outras coisas, ao fato da primeira fase acabar no dia 18/08, encerrando a atividade de 12 times no modelo atual. Para Edno, uma solução seria clubes e CBF dividirem o ônus de um calendário maior.

“A CBF pretende fazer o campeonato com 24 datas. Se formos ampliar isso para 30 ou 32, os clubes poderiam dar uma contrapartida. O que não pode, de maneira alguma, é ter mil atletas sem ter o que fazer no mês de agosto”, disparou o dirigente.

A ideia do Náutico (PE) agrada a outros clubes do Nordeste. Hyago França, presidente do Confiança (SE), é um deles. Para ele, a adoção dos pontos corridos já em 2019 só seria possível com um aporte financeiro para os clubes, o que a CBF parece não estar disposta a dar.

“Nossa proposta seria de esticar a Série C, terminar um pouco mais tarde. O Confiança (SE), por exemplo, encerrou as atividades deste ano em agosto. Ficamos 4 meses sem futebol. É muita coisa para um clube que tem como principal receita a renda dos jogos. Por outro lado, adotar os pontos corridos seria muito difícil sem uma cota que viabilizasse a logística”, explicou.

Mesmo reconhecendo ser praticamente inevitável uma mudança, há quem adote uma postura mais conservadora. Futuro presidente do Botafogo (PB), Sérgio Meira leva em consideração a questão econômica para defender a manutenção da fórmula atual.

“Pessoalmente, prefiro o modelo atual, levando em consideração a parte econômica, mas pretendo discutir o assunto internamente no Botafogo (PB) e também com outros dirigentes do Nordeste. Vamos aproveitar esse encontro aqui em Natal (RN) para debatermos mais”, disse o botafoguense.

O ponto de partida para a mudança de regulamento parece ser mesmo a questão da composição dos grupos. Náutico (PE), Santa Cruz (PE) e Botafogo (PB) chegaram até o mata-mata da Série C deste ano, mas não conseguiram o acesso. Para complicar, 3 times nordestinos subiram da Série D – Ferroviário (CE), Treze (PB) e Imperatriz (MA). Também estão garantidos na Série C de 2019 mais 5 times das regiões Norte e Nordeste: Atlético (AC), Remo, ABC (RN), Globo (RN) e Confiança (SE).

Com 11 times das 2 regiões já garantidos na Série C de 2019, há um consenso de que a fórmula de disputa precisaria mudar. Até porque esse número pode subir ainda mais. Sampaio Corrêa (MA), CRB (AL) e Paysandu estão neste momento na zona de rebaixamento da Série B.

Neste ano, a solução encontrada foi transferir os times do Centro-Oeste – Cuiabá (MT) e Luverdense (MT) – para o Grupo B, formado originalmente por representantes do Sul e do Sudeste.

“Uma saída talvez fosse colocar os times do Norte no Grupo B, até porque a logística de deslocamentos para o Nordeste ou Sudeste é muito parecida, mas um grupo formado só por nordestinos seria muito difícil. É algo que precisamos conversar mais para não prejudicar ninguém”, emendou o presidente do Confiança (SE).

A entidade ainda não tem uma posição oficial sobre o regulamento do próximo ano, o que deve ser decidido pelos clubes. Entretanto, ao divulgar que o campeonato começa no dia 28/04 e termina no dia 06/10, com 24 rodadas, a tendência é mesmo manter a fórmula atual.

Havia um pedido formal da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) para que a Série C fosse disputada em pontos corridos, possibilitando assim um calendário mais cheio para os jogadores, mas o fator econômico é um entrave.

O sistema de todos contra todos requer elencos maiores, mais viagens e, por via de consequência, mais gastos. Por isso, para viabilizar um novo regulamento, haveria que existir uma contrapartida financeira da CBF, mas essa negociação não andou a ponto de viabilizar a mudança já para 2019.

Felipe Augusto Leite, presidente da Fenapaf, criticou a situação do calendário brasileiro. Em abril deste ano, a entidade informou ter enviado um ofício à CBF para que a Série C fosse feita nos moldes das Séries A e B, até o final de novembro.

A situação se agrava com a Série D, que apesar de reunir mais clubes (68 no total), termina mais cedo ainda.

No calendário divulgado nesta semana, os eliminados na primeira fase da Série C de 2019 estarão em atividade até o dia 18/08. Na Série D, boa parte dos clubes estarão sem calendário no dia 09/06, quando vai se encerrar a primeira fase.

Há uma possibilidade de manter o formato atual, com 2 grupos de 10 times, mas sem a regionalização. Esse modelo agradaria um grande número de clubes, mas ainda há resistência.

O fato dos nordestinos não terem sucesso nos últimos anos no cruzamento com o Grupo B causa uma certa inquietação. Para alguns, a disputa em pontos corridos facilitaria o objetivo final, que é o acesso.

O presidente do Náutico (PE) tem uma ideia para a mudança no regulamento do torneio, que será levada para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apreciar. Seria um “meio termo” entre os pontos corridos e a fórmula atual.

“A definição do acesso poderia se dar através de um quadrangular, não um mata-mata. Seriam 6 jogos antes das semifinais. Vamos levar essa proposta para os times do Nordeste e depois entregá-la na CBF. É preciso a união dos clubes e vamos iniciar essa conversa por aqui”, disse Edno, aproveitando o sorteio da Copa do Nordeste, em Natal (RN), para discutir o assunto com os clubes da região.

O fato é que a mudança do regulamento parece ser uma questão de tempo. A própria CBF deixou claro que mudanças mais radicais serão adotadas no calendário de 2020 e poderá contemplar a Série C. Se isso acontecer, a competição pode dar um salto de qualidade e garantir para clubes e jogadores um calendário mais racional, reduzindo os meses de desemprego.

Globo Esporte.com, 04/10/2018

6 COMENTÁRIOS

  1. Esse Coronel Nunes não serve de nada no comando da cbf, é paraense mas nada faz para ajudar nossos clubes, principalmente o REMO.

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