A suspensão do Campeonato Paraense se consumou na última quinta-feira (19/03), após a manifestação de Remo, Paysandu e de clubes do interior do Estado, como Independente e Tapajós, todos preocupados com a pandemia da Covid-19.
Pesou o bom senso. Episódios recentes mostraram o quanto os clubes teriam dificuldades para lidar com a doença, principalmente, aqueles com menor poder financeiro.
O Bragantino, por exemplo, que teve um surto de gripe, demorou para diagnosticar um caso de leucemia no volante Maranhão. O atleta teve febre por 10 dias seguidos, segundo o próprio jogador, que está internado e já iniciou a quimioterapia no Hospital Ophir Loyola, que é público.
Diante dos fatos locais e nacionais, em meio aos crescentes casos de Covid-19, os jogadores do Paysandu manifestaram o desejo de interromper urgentemente a competição e foram apoiados por atletas do rival Remo, com a interlocução dos respectivos técnicos, Hélio dos Anjos e Mazola Júnior.
“Participei do processo por inteiro e quero deixar meus parabéns aos dois clubes, através de seus representantes, nesse momento bonito e de união de Paysandu e Remo”, disse Hélio.
É bem verdade, porém, que a pandemia assusta em escala mundial. Até suspenderem suas atividades profissionais, os clubes se organizavam para identificar casos suspeitos e deliberar providências.
O chefe do Deparamento Médico do Remo, Dr. Jean Klay, informou que o Leão já havia tomado medidas contra as viroses, de um modo geral.
“Desde o ano passado, fizemos vacinação em massa. Nas próximas 2 semanas, faremos novas vacinações em massa. Retardarmos, um pouco, porque a vacina contra o H1N1 será disponibilizada no dia 20/03 (sexta-feira)”, informou.
Outra medida foi mudar o sistema de ventilação do vestiário e do Núcleo Azulino de Saúde e Performance (NASP).
O detalhe é que, inicialmente, houve um consenso entre os 10 clubes participantes para dar continuidade à competição. Preocupações econômicas motivaram a solicitação, pois parar o campeonato teria um impacto financeiro em diversos atores envolvidos.
O presidente do Águia, por exemplo, assinou um documento em que solicitava o cancelamento da competição, alegando que não tem condições para arcar com um elenco sem atividades profissionais.
Justamente pelo impacto financeiro, sobretudo, nos clubes menores, não há certeza quanto à continuidade do Campeonato Paraense. O detalhe é que também não há nenhuma previsão coerente de quanto tempo este processo de paralisação vai durar. A estimativa otimista aponta 2 meses. Dessa forma, seria uma reengenharia enquadrar as rodadas finais no restante da temporada.
O presidente bicolor considera prematuro discutir a sequência da competição. Segundo ele, há fatores externos que podem ser solucionados para conter a pandemia. No entanto, Gluck Paul revelou um certo pessimismo quanto ao prosseguimento do Parazão.
“Acredito que é possível que os clubes peçam o fim do campeonato. A discussão que entrará é a seguinte: anula o campeonato ou deixa como está a classificação?”, questionou.
No momento, os primeiros colocados são Paysandu, Remo, Castanhal e Paragominas. Em jogo, estão vagas para a Série D e Copa do Brasil em 2021.
O presidente do Remo, Fábio Bentes, preferiu evitar especulações.
“Tudo vai depender do tempo da doença aqui. Está muito cedo para tirar conclusões”, disse.
O vice-presidente da Federação Paraense de Futebol, Maurício Bororó, quando questionado, repassou uma reportagem nacional relatando que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se esforçará para colocar os campeonatos locais em meio às disputas nacionais do segundo semestre.
“Os Estaduais serão prestigiados e terão prioridades para a CBF”, afirmou o dirigente.
O Liberal.com, 22/03/2020