Apesar da indicação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no sentido de concluir os Estaduais para, em seguida, iniciarem as competições nacionais, não há convicção que o Campeonato Paraense 2020 terá continuidade. Tudo indica que os dirigentes de clubes e da Federação Paraense de Futebol (FPF) estão diante da maior polêmica do futebol paraense da atual temporada.
Não é possível aplacar interesses diversos nesse processo. Há queda de braço e indefinição baseada no problema da saúde pública. O Parazão está suspenso desde o dia 18/03 em função da pandemia do novo coronavírus. Até então, o Paysandu liderava a competição, classificando-se, de forma antecipada, às semifinais. O Remo estava virtualmente classificado. Restavam 2 rodadas para a conclusão da fase classificatória, além de semifinais e finais.
Há uma série de imbróglios, oriundos dos cuidados com atletas para evitar a propagação da Covid-19. No momento, o principal diz respeito às despesas de custos para testes em massa do elenco, comissão técnica e demais funcionários. A testagem é considerada fundamental para evitar um surto da doença dentro do meio futebolístico.
“Já pensou se um clube perde o seu artilheiro na véspera de um jogo importante e esse contágio ocorreu em jogo contra um clube que teve, por questões financeiras, menos cuidados?”, indagou o presidente bicolor Ricardo Gluck Paul, alertando que esse processo pode acabar nos tribunais desportivos.
Obviamente que a testagem demanda um esforço financeiro que não estava previsto pelos clubes. Um teste individual está na faixa de R$ 200. É impossível estimar uma média dada à diferença de equipes entre os clubes do Parazão. O Paysandu, por exemplo, manteve todo o plantel. O Remo dispensou 7 jogadores, mas pretende contratar mais. O presidente do Carajás, Luiz Omar Pinheiro, já adiantou interesse em que, se retornar, utilizará o mínimo de jogadores possíveis.
Em reuniões anteriores de uma comissão montada para oficializar um protocolo com os cuidados, não se definiu quem arcaria com os custos. A princípio, o problema acabaria “no colo” dos próprios clubes. Aqueles de menor porte já alegaram a inviabilidade de bancar estes custos.
“O Tapajós é contra a retomada do campeonato. Para tomar todos os cuidados, é custo. Quem vai bancar isso?”, questionou o presidente do clube representante de Santarém, Sandicley Monte.
O vice-presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Paulo Romano, argumentou que, a favor da retomada, está a agilidade da competição, mas ainda não estimou como viabilizar os custos.
“A CBF quer que volte. Em uma semana, poderíamos terminar a primeira fase (faltam 2 rodadas). Depois, faríamos as finais em 4 datas. No total, seriam 6 rodadas”, apontou.
O Liberal.com, 07/06/2020