Fábio Bentes – Foto: Sidney Oliveira (O Liberal)
Fábio Bentes – Foto: Sidney Oliveira (O Liberal)

O Remo terá um novo presidente a partir deste domingo (12/11), pelos próximos 3 anos. O Leão foi comandando nas últimas 5 temporadas por Fábio Bentes, que deixa o clube após 2 mandatos.

O futuro ex-presidente azulino falou do avanço do clube em algumas áreas, citou os insucessos nesse período e listou alguns arrependimentos por escolhas feitas no futebol, além de comentar como trabalhou com ameaças à família e de como será a vida depois de presidir o Remo.

Bentes relembrou momentos que viveu no clube, frustrações por perda de títulos, rebaixamento, além de alegrias com conquistas dentro e fora de campo. O dirigente citou que realizou escolhas que se arrepende de algumas delas, mas afirmou que para o momento em que o clube atravessava, as escolhas eram as opções mais viáveis no Departamento de Futebol.

“É muito fácil falar hoje, depois de tudo que aconteceu. No momento em que estava fazendo as coisas, era o melhor a se fazer. O futebol não é uma ciência exata, mas fora das quatro linhas fizemos o que tinha que ser feito, com um choque de gestão, diminuição de despesas, pagamento de dívidas, salários em dia e resgatamos a credibilidade do Remo”, disse.

“Dentro das quatro linhas tiveram algumas escolhas equivocadas no decorrer dos anos, assumo. Alguns treinadores e executivos não deram resultados que esperávamos, mas no momento em que contratamos, tinha uma lógica para ter trazido alguns profissionais pelo histórico, resultados que tinham conquistados, mas na prática e com a convivência, não foi aquilo que a gente esperava”, disse.

“No geral, no momento das contratações, era ter resultado. Depois, não era o que esperávamos. Agora é focar daqui para frente, acredito que deixo um legado mais positivo que negativo. Tenho arrependimentos de escolhas e decisões, mas naquele momento era o melhor a ser feito, dentro das condições que se tinha”, completou.

Fábio Bentes quer que a vida volta à rotina que existia antes de ser presidente azulino, mas sabe que não será algo tão fácil assim. O ex-mandatário remista quer acompanhar o crescimento da filha, dar ênfase à sua empresa e relembrou como foi esses 5 anos à frente do clube.

“Como será o Fábio daqui para frente? É algo que não sei responder. Dividia meu tempo com 70% a 80% para o Remo e o restante para minha empresa, mas entendo que agora terei mais tempo de me dedicar à minha empresa e, principalmente, à minha família”, enfatizou.

“Tenho uma filha de 5 anos. Ela nasceu no ano em que assumi o Remo. Procurei, dentro das minhas possibilidades, acompanhar o crescimento dela e, agora, terei mais tempo para isso”, considerou.

“É importante dividir o tempo. Entendo que foi uma imersão muito forte, pois havia essa necessidade bastante diariamente e depois, lógico, passamos a nos dedicar um pouco menos, pois o clube estava mais arrumado”, garantiu.

Os planos do agora ex-presidente envolvem ajudar o clube de outra forma. Para Bentes, a preocupação de pagar em dia os funcionários, atletas e quitar dívidas já é algo do passado e o foco é cuidar da saúde. Ele revelou que engordou mais de 40 quilos no período em que esteve à frente do Remo.

“Vou continuar ajudando o Remo, pois o que sinto pelo clube é amor e amor é para sempre. Estarei no Conselho (Deliberativo) colaborando, contribuindo, mas não terá a necessidade da rotina, de se preocupar mês a mês em pagar salários dos funcionários, fazer com que os atletas tivessem uma melhor estrutura. Agora terei um tempo maior para fazer outros projetos, cuidar da minha saúde, pois engordei bastante nesse período. É só pegar a foto de quando assumi o Remo comparada com agora, são 40 quilos a mais! Então será uma luta, um recomeço, para se livrar desse peso”, revelou.

A responsabilidade de gerir um clube trouxe também as dificuldades e as cobranças. Fábio Bentes falou dos desafios enfrentados à frente do Remo e processos contra torcedores, que ameaçaram ele e seus familiares.

“O resultado esportivo gera uma gangorra emocional muito grande no torcedor e isso afetava diretamente minha família”, contou.

“Quando havia um resultado que frustrava a torcida, essa carga se refletia em mim e nos meus familiares, principalmente, nas redes sociais. O curioso que nunca fui hostilizado nas ruas, não tive nenhum episódio. Sou abordado por torcedores, as pessoas elogiam o trabalho, lamentam que o futebol não tenha dado certo, mas não tem uma hostilização”, garantiu.

“Diferente das redes sociais, que foi muito pesado. Houve um desgaste emocional familiar, tive preocupação com algumas ameaças que recebi nas redes sociais, tomei providências de várias em que geraram processos. Tudo possui um limite, as críticas fazem parte da profissão e da escolha que fiz, mas entendo que o exagero dela não pode passar a barreira do aceitável”, ressaltou.

“Quando ia para o lado pessoal, ameaças, tomava providências. Tenho alguns processos em andamento e não pretendo desistir deles, vou até o final, para que eles entendam que a internet não é terra sem lei, mas acho que sair agora do Remo sairá um peso emocional forte da minha família, minha namorada e pessoas próximas, que sentiam muito a forma do insucesso”, falou.

Presidente que saiu das arquibancadas, Bentes revelou o desejo de retornar às origens, mas afirmou que terá um “período sabático”, para deixar o tempo esfriar e só depois fazer novamente o papel de torcedor.

“Voltar para a arquibancada é uma meta. Sei que terá um período de ‘luto sabático’ natural, já que a imagem, por conta dos resultados no futebol, ficou digamos que ‘arranhada’, por parte de torcedores que não conseguem enxergar o todo e que focam sempre só no resultado esportivo. Voltar para arquibancada é um caminho natural, é o que quero. Vou continuar indo em todos os jogos e a ideia é voltar para a arquibancada, que é o meu lugar, o local de onde saí, de onde tenho orgulho”, finalizou.

O Liberal, 12/11/2023

6 COMENTÁRIOS

  1. O torcedor é muito imediatista, esse processo de estabilizar e ampliar a estrutura e a saúde financeira é 1000x mais importante que subir para série B e ficar 3 anos para depois cair de novo pq não consegue se sustentar…

  2. Estou em Natal, RN, porém acompanho o Remo com limitações é claro, tenho uma grande estima por vc, o Remo não tinha mais estádio , muito menos luz no estádio, com muita dedicação, vc comandou a volta do Remo ao seu estádio, você é um vencedor, um grande abraço, felicidades

  3. O tempo mostrará a grandeza de sua gestão a frente do Remo. É natural que torcedores e até mesmo a imprensa avaliem o seu trabalho pelos insucessos no futebol. Mas, para crescer de forma sustentada, se faz necessário arrumar o clube.
    Não tem como sonhar com acessos sem antes colocar o clube com o mínimo de estrutura. Lembro dos noticiarios falando sobre Remo, dizendo que o treino seria no campo de fulano; no outro dia o treino já era em outro local, sem contar os casos em o ônibus cedido para algum colaborador não chegava ou que quebrava durante o deslocamento.
    Ver o Remo na situção que está hoje me orgulha. O acesso à série B virá em breve. Claro, desde que permaneça a mentalidade responsável instalada pelo presidente Fábio Bentes.
    Obrigado, Presidente!

  4. Sou Vascaino, mas simpatizo muito com o Remo. Passei a acompanhar o clube na disputa da Série D 2014, salvo o engano, que foi o ano que o clube subiu. Lembro que o estádio estava bem feio, acompanhava o movimento da torcida para recuperá-lo e logo em seguida veio esse presidente que deu um show fora de campo, as vezes o resultado não vem, mas a gestão dele foi muito boa para o Clube do Remo. Acredito que, estando agora mais estruturado e com salário em dia, o clube esteja um pouco mais preparado para subir e se manter. O futebol mudou muito, sem estrutura e sem as contas em dia, clube nenhum consegue resultado. Parabéns presidente.

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