O Remo viverá hoje uma noite de decisão. O seu Conselho Deliberativo (Condel) elegerá o novo presidente do clube, em votação marcada para começar a partir das 19h, no salão nobre da sede social da Avenida Nazaré. Dois são os candidatos que disputam em turno único a preferência dos 143 conselheiros remistas. Pela situação, o candidato é o atual presidente Sérgio Cabeça, engenheiro de 65 anos, que irá concorrer contra o candidato de oposição Roberto Macedo, médico e empresário de 74 anos. O vencedor desta noite – o fim da apuração é esperado para as 23h – terá o biênio 2013/2014 para tentar recolocar nos trilhos um clube que viu seu futebol descarrilar, seus cofres se esvaziarem e as raízes no fundo do poço afundarem em quatro anos sem títulos estaduais ou divisão no Campeonato Brasileiro.
Apesar disso, os dois candidatos surpreendem ao falar sobre a proposta de construir um Centro de Treinamento e Formação de Atletas, pois – segundo ambos – nenhum clube brasileiro pode sobreviver financeiramente se não tiver categorias de base bem estruturadas e capazes de formar atletas para compor o seu elenco profissional e, vez por outra, gerar receita ao serem vendidos para outros clubes ou empresários.
Mas a realidade do Remo reserva algumas armadilhas aos seus próximos gestores. Uma delas é a falta de um calendário definido para o ano todo. Pelo menos até o momento, o Leão Azul tem apenas garantidas as participações no Campeonato Paraense e na Copa do Brasil de 2013. A vaga na Série D, como nos últimos quatro anos, terá que ser conquistada na competição estadual.
Em termos financeiros, o clube espera poder contar com a cota de patrocínio paga pelo Governo do Estado, em virtude da transmissão dos jogos pela Funtelpa, que é R$ 690 mil por ano. Além disso, o Remo também espera renovar contratos com o Banpará, no valor de R$ 50 mil mensais. Há ainda o contrato recém-assinado com o Grupo Big Ben, e a possibilidade de fechar um patrocínio de R$ 200 mil mensais com a Netshoes.
Valores pouco significativos para uma agremiação que enfrenta sérias dificuldades para manter suas contas em dia. Tanto que uma das missões do novo mandatário será administrar o atraso de pelo menos quatro meses dos salários dos funcionários e a falta de pagamento das rescisões contratuais dos atletas que disputaram a Série D. Um drama que envergonhou o clube nas últimas temporadas e que tem gerado novas ações na Justiça do Trabalho.
As limitações financeiras terão impacto também na formação do elenco incumbido de reagir em campo. O próximo presidente terá muito trabalho para reforçar o grupo, como mostra o nível das contratações que estão sendo feitas por indicação do técnico Flávio Araújo. E o que é ainda pior, a falta de caixa reforça a dependência dos empresários, relação que ambos os candidatos planejam rever. A revisão passará também, prometem, pela condução dos times de base, de onde têm saído poucas promessas.
Eleição será decidida pelo voto indireto
Diferente da eleição do rival Paysandu, que na semana passada elegeu o presidente Vandick Lima pelo voto direto de seus associados, o pleito presidencial no Remo ainda será regido pelo voto indireto. Terão direito a votar apenas os 143 membros atuais do Conselho Deliberativo (Condel) azulino – os 100 conselheiros efetivos, eleitos há dois anos, além de 27 beneméritos, 10 grandes beneméritos, 4 ex-presidentes do clube e 2 ex-presidentes do Condel.
Para vencer a disputa de hoje, o candidato à presidência precisa conquistar os votos de pelo menos 50% + 1 dos conselheiros presentes. Antes disso, porém, a noite de definições começará com a escolha do presidente do Condel. Neste caso, houve consenso entre as duas chapas para que o atual presidente do órgão colegiado, Manoel Ribeiro, seja reeleito por aclamação. Dessa vez, ele terá Raphael Levy como seu candidato a vice-presidente. Aliás, será Levy o responsável por conduzir o pleito para a presidência executiva, uma vez que Ribeiro ainda está em recuperação de um grave acidente automobilístico sofrido no início do mês passado. Escolhida a nova mesa diretora do Condel, é a vez de votar para definir quem vai comandar o clube até dezembro de 2014.
O Liberal, 06/12/2012