O Remo comemora 102 anos de reorganização nesta quinta-feira. Uma missa em Ação de Graças foi realizada pela manhã na sede social azulina para marcar a data. Fundado em 05/02/1905, o Leão foi extinto em 1908 e voltou às atividades em 15/08/1911. Como naquela época, parece que o clube hoje passa por um momento de reafirmação após a crise dos últimos seis anos, quando saiu da Série B do Campeonato Brasileiro e hoje se encontra sem divisão.
O maior presente do torcedor azulino foi a aprovação do novo Estatuto na última terça-feira que, entre outras mudanças, torna a eleição para a escolha do presidente de forma direta, abrindo espaço para que os sócios participem das decisões no clube.
Para falar desse novo momento do Remo, escolhemos como personagem o torcedor Julio Martins, de 35 anos, engenheiro civil que há 12 anos trabalha no Acre, mas que vem a Belém pelo menos três vezes no ano e não perdeu a identificação pela cor azul-marinho. Como uma tradição, o paraense veste a camisa do time de coração todos os sábados e, segundo ele, acompanha, 24 horas por dia, as notícias do Remo pela internet e através de amigos que se encontram na capital do Pará. Sócio proprietário do clube desde 2010, Julio acredita que, mesmo de longe, fez parte da aprovação do novo Estatuto.
“Participaria da primeira votação para a discussão e aprovação do Estatuto, em junho, mas ela acabou sendo adiada para agosto e não pude comparecer na última Assembleia Geral. Mas daqui do Acre acompanhei tudo o que aconteceu e fico feliz por esse novo momento que o Remo vive. O clube agora é aberto para os sócios e tudo está sendo feito às claras. Acredito que daqui em diante as coisas só tendem a dar certo”, disse.
Uma dos itens contidos no Estatuto que mais agradou Julio foi a destinação de 10% dos valores arrecadados em patrocínio do Remo exclusivos para as categorias de base, assim como 5% das rendas dos jogos quando o clube for mandante. O torcedor acredita que os garotos revelados no Baenão são a grande saída para resolver o problema no futebol.
“A base é fundamental. Quantos jogadores já passaram pelo Remo, ninguém nunca soube e, por falta de estrutura, acabaram se destacando em outros clubes do Brasil? Na última Copa Norte Sub-20 o clube conseguiu revelar grandes valores que vão para o elenco profissional com custo zero. Com essa organização na base, o Remo vai poder virar uma potência e se equiparar com grandes equipes do futebol nacional”, acredita.
Julio Martins, assim como todo o restante da torcida do Remo, não vê a hora de ver o time entrar em campo. A vinda dele a Belém, aliás, é toda organizada em cima das partidas do clube no Campeonato Paraense e Copa do Brasil. Para que consiga um sucesso na próxima temporada, Julio pede a união da torcida e dos novos dirigentes remistas, sem esquecer das pessoas que têm história no Leão.
“Acredito que a gente não ter conseguido uma vaga na Série D até foi uma coisa boa, pois precisávamos parar para pensar, como uma família que estava em crise. Era preciso colocar a cabeça no lugar e se acertar internamente. Isso foi feito e, com a união de todos em prol do Remo, com essa torcida maravilhosa que nunca deixou de apoiar e os grandes remistas, que sempre levaram o nome do clube e, acertando ou errando, se esforçaram para as conquistas, acredito que o Remo vai voltar a ser aquele clube forte, dentro e fora de campo”, finaliza.
Globo Esporte.com, 15/08/2013