Indignação, mobilização, força popular, conquistas… O Remo experimenta um aperitivo do que acontece no país. Em comum, os dois casos têm o efeito das mídias sociais, usadas para debater a crise e para arregimentar manifestantes. O principal protesto azulino, em maio, reuniu milhares de torcedores em frente à sede do clube, na avenida Nazaré. Uma resposta da Associação dos Sócios do Remo (Assoremo), cujos líderes acusam o presidente do Conselho Deliberativo, Manoel Ribeiro, de tê-los xingado de “vagabundos”.
O fato é que o clube, ou melhor, os ultrapassados “donos” do clube, nunca tiveram a leitura do novo perfil da torcida no mundo digital. As mídias sociais propiciam um comportamento mais participativo na vida do país e não é diferente na vida dos clubes de futebol. No Remo isso fica muito mais evidente pela indignação dos torcedores com a incompetência e as irresponsabilidades que nas últimas décadas jogaram o clube no abismo.
A primeira sessão da Assembléia Geral, para tratar do novo Estatuto, passou de hoje para 13/08, terça-feira. Outras duas ficam programadas para 20 e 27/08, terças-feiras seguintes, e devem dar a dimensão desse movimento de “Remocracia”. A estimativa de 1,2 mil associados na sessão pode ser largamente superada justamente pelo efeito das mídias sociais e da justa indignação dos remistas em geral, que têm a chance de emplacar Eleições Diretas e estabelecer uma nova relação de poder no Leão Azul, libertando-o do controle político de líderes cuja defasagem de conceitos e de métodos mantém o clube há 25 anos em sucessivas gestões desastrosas, marcadas pelo descrédito, pelos excessos, pelos fracassos e pelos vexames.
A lambança remista seria maior se a sessão da Assembleia Geral acontecesse nesta quarta-feira (27/06) e fosse anulada pela falta de edital de convocação, só agora providenciada no adiamento. Não deixa de ser mais um recibo de despreparo. Era só o que faltava! O Remo quase descumpriu o atual Estatuto ao tratar do novo. Francamente…
Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 27/06/2013