As dívidas milionárias que o Remo acumulou ao longo dos anos culminaram na crise que a atual direção do clube está enfrentando neste momento. Presidente interino do Leão Azul desde o licenciamento do presidente Sérgio Cabeça, que se afastou da direção azulina para tratar da saúde, Zeca Pirão criticou as gestões anteriores que, na opinião dele, empurravam os problemas para debaixo do tapete.
Segundo ele, foi a falta de responsabilidade e de amor pelo Remo que causaram os problemas financeiros, como os que levaram a Justiça do Trabalho a bloquear, por meio da conta do Banpará, as futuras cotas do patrocínio do Governo do Estado, para assegurar ao menos em parte o pagamento de uma dívida de aproximadamente R$ 10 milhões cobrada por vários credores, entre os quais está o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Não sabia que os dirigentes que passaram pelo Baenão haviam deixado o Remo na situação que está, com tantas dívidas pendentes”, declarou o cartola, sem esconder sua decepção com a falta de profissionalismo das administrações anteriores. “Fico revoltado com as outras gestões que deixaram o Remo chegar nesta situação. O clube, em muitas oportunidades, foi julgado à revelia. Essa atitude não é de quem ama a instituição”, apontou.
Sem meias palavras, Zeca Pirão confirmou que a maioria das verbas oriundas dos patrocinadores do clube foram antecipadas durante a disputa do Campeonato Paraense de 2013. Fato que somada à falta de outras fontes de renda e ao bloqueio imposto pela Justiça do Trabalho, deixaram o Leão Azul “praticamente falido”, segundo as próprias palavras do mandatário azulino.
“O patrocínio da transmissão do Parazão já terminou, o do Banpará está bloqueado pela Justiça do Trabalho e o da Big Ben e da Cerpa foram todos antecipados para o ex-presidente (Sérgio Cabeça, que na verdade está apenas licenciado por 90 dias). O Remo está praticamente falido porque não tem receitas”, constatou Pirão, que agora espera contar com a ajuda financeiros de colaboradores para sanar as dívidas do clube e colocar em dia os salários de jogadores e funcionários.
Pirão deu mais detalhes sobre a situação do espaço anexo ao estádio Baenão, conhecido como Carrossel. Ele esclareceu que a cessão em regime de comodato da área para um grupo empresarial local depende de uma autorização da Justiça do Trabalho. “O Carrosel está como garantia para a Justiça do Trabalho e não está podendo ser utilizado. Nós vamos negociar com a Justiça para que possamos arrendar o local e destinar os recursos para o pagamento da dívida do Remo. Queremos muito fechar esse acordo”, declarou o dirigente, que vê o negócio muito bem encaminhado. “Já estou também negociando com empresas que querem este espaço e que inclusive aceitam adiantar o dinheiro para pagarmos as dívidas trabalhistas todas, que hoje em dia está em torno de R$ 10 milhões, mas que com dinheiro em mãos pode reduzir para cerca de R$ 5 milhões”, explicou.
Amazônia, 03/07/2013