Quando apresentado para o público, em setembro de 2013, o projeto do novo estádio Evandro Almeida causou um alvoroço em toda a nação azulina, até então acostumada com o velho e ultrapassado Baenão, que nos últimos anos viveu bons momentos apenas na lembrança de seus torcedores. Com a posse do presidente Zeca Pirão e sua nova diretoria, no entanto, o que jamais fora imaginado começou a se tornar realidade com a promessa da Arena do Leão.
Pudera. O projeto arrojado ia de encontro a todo o atraso em termos de estrutura nos estádios paraenses. No novo Baenão, em vez das velhas cadeiras cativas, uma nova torre moderna com dois pavimentos que vão abrigar 1.300 cadeiras no piso inferior e 30 camarotes no superior. O investimento alto conta também com a aquisição de alambrado em vidro temperado, a troca completa do gramado, nova pintura, sistema de drenagem e melhorias na estrutura de vestiários e acesso dos torcedores. Tudo isso, no entanto, tem um custo elevado e, com o passar do tempo, principalmente por ter sido punido com a disputa de quatro partidas longe de casa na Série D, o Clube do Remo passou a enfrentar sérias dificuldades para dar andamento às obras.
A previsão inicial de 90 dias a partir do início da revitalização, no começo de setembro do ano passado, foi logo abandonada. O tapume colocado no local das obras, localizado pelo lado da travessa das Mercês, serviu apenas de parede. As dúvidas começaram a surgir e a diretoria precisou se explicar.
“Nossa preocupação é total em relação à obra. Vamos concluir sim. Temos propostas oficiais de duas empresas, uma do Pará e outra de fora. Elas serão apresentadas no dia 29/10, na reunião do Condel, mas vamos tentar antecipar essa reunião para aprovar o projeto de imediato e tocar o nosso projeto como ele foi concebido”, informa o vice-presidente do Remo, Marco Antônio Pina.
Compradores não irão sofrer prejuízos
Uma das grandes preocupações de quem adquiriu uma cadeira cativa ou um camarote era saber se o prazo das obras seria cumprido e se haveria verba suficiente para tocar o andamento do projeto de acordo com os prazos estipulados. Na prática, a previsão financeira não foi alcançada e a diretoria, para honrar o compromisso, resolveu traçar um “plano B”, que consiste no arrendamento do local por uma empresa que será responsável pela conclusão do novo Baenão.
Segundo o vice-presidente, duas empresas se mostraram interessadas em assumir a construção. “A empresa que for a vencedora vai usufruir por 4 anos o direito de administrar 1.300 cadeiras. Depois do período, a gestão volta ao Remo. Na verdade, elas só vão ter lucro em cima das cadeiras, já que os camarotes foram todos vendidos e já recebemos o dinheiro”, explica “Magnata”, como é chamado no meio azulino o atual vice-presidente.
Quanto aos compradores, Marco Antônio garante que não haverá nenhum tipo de problema para o uso do que fora comprado anteriormente. “Quem adquiriu, vai ter o prazo de 2 anos. Ninguém vai sofrer qualquer prejuízo. Todos eles têm o direito assegurado e vamos respeitar”, prossegue, informando que a partir da retomada das obras, em aproximadamente 3 meses, a diretoria espera entregar o Baenão pronto ainda para a disputa do Campeonato Paraense.
Depois de pronta, a arena azulina terá sua capacidade ampliada dos atuais 12 mil torcedores, para algo entre 18 mil e 20 mil pessoas, conforme informado pelo dirigente.
Futuro das obras independe de eleição
Atualmente, a obra no Baenão está parada, mas sabe-se que a estrutura de fundação já foi praticamente concluída. Agora vem a parte mais difícil – e onerosa – que forçou a diretoria a procurar parceiros interessados em bancar a construção em troca de quatro anos de gestão de 1.300 cadeiras.
A preocupação sobre o futuro do novo estádio é um assunto recorrente, principalmente por conta do momento que o clube vive. Às vésperas da eleição presidencial, a primeira da história a ser realizada através do voto direto do associado, a atual direção do clube espera ganhar nas urnas o voto de confiança para prosseguir com o maior ciclo de benefícios adquiridos pelo clube em sua história recente.
“A gente ganhando ou não, a outra chapa terá que terminar a obra. Eles não vão poder dizer que não farão por se tratar de uma chapa. É um bem do clube, não podemos ter pessoas pensando em si. Todos aqui trabalham pelo engrandecimento do Clube do Remo”, garante Magnata, que enxerga em um futuro breve, após a conclusão do Baenão, novas metas no intuito de engrandecer ainda mais o clube.
“Temos ainda a questão do Centro de Treinamento que será feito através de parceria entre o Governo do Estado e Prefeitura de Belém, para Remo e Paysandu. Isso vai sair, com certeza. O Pirão é um cara político, já deixou tudo encaminhado. Pensamos em aumentar o nosso patrimônio. A nossa administração é arrojada, tanto que o que foi feito em um ano e pouco diz respeito a 20 anos de clube. Foi mais por esse motivo que voltamos para a reeleição. Vamos entregar (a arena), pode ter certeza”, encerra.
Diário do Pará, 11/10/2014