Até ser eleito presidente do Remo, dia 13/12, depois de ter vencido um eleição anterior que foi anulada, o empresário Pedro Minowa tentou por 3 vezes chegar ao cargo. Foi derrotado em 2002, 2004 e 2008, mas alcançou o poder na primeira eleição direta na história. Por isso, ele explicou que a rejeição não é por parte dos torcedores, mas dos dirigentes, conselheiros e demais pessoas que estavam dentro do clube.
“O Remo tem donos e todos sabem”, chegou a dizer, logo após a terceira derrota, quando prometeu que nunca mais estaria dentro do Remo. Isso nunca aconteceu, óbvio, já que o lado torcedor sempre falou mais alto.
Pedro Ernesto Vasconcelos Minowa, 75 anos, paraense de Soure, se viu remista quando morava em Parintins (AM) e assistiu o Leão Azul pela primeira vez, em 1947. O pai, vindo na primeira migração japonesa ao Pará, o levou ao interior amazonense enquanto trabalhava no cultivo de juta. A volta a Belém se deu em 1952, ainda trabalhando por baixo.
Até se tornar empresário da construção civil, Minowa chegou a trabalhar como feirante no Ver-o-Peso. Esse início humilde e as dificuldades no traquejo com as palavras sempre foram apontadas como motivos de preconceito dentro do clube.
Essa é uma situação que o incomoda a ponto de não gostar de falar. Ele prefere dizer que as pessoas têm que esperar o fim do mandato que ficará à frente do clube. “Não senti preconceito. Nem gosto de falar disso. Prefiro responder com trabalho. Que me procurem daqui a 2 anos, em dezembro de 2016, para vermos como encontrei o Remo e como vou entregar”, avisa.
Se entre conselheiros ele sente alguma resistência, entre torcedores sempre gozou de muito prestígio. Dirigente à moda antiga, daqueles que sempre colocaram dinheiro do próprio bolso no clube, Minowa teve provado esse prestigio quando venceu nas duas eleições diretas. Em contrapartida, como ele mesmo cita, na disputa pelo Conselho Deliberativo viu seu candidato levar uma lavada.
“Ganhei uma eleição direta duas vezes. O ‘segundo turno’ com uma diferença maior de votos. Na eleição do Conselho, os antigos mandatários venceram, já que são apenas eles que votam. Ficou mais do que provado que ainda existem os donos do Remo”, disparou.
O desafio que terá pela frente, ao lado de Henrique Custódio, vice-presidente e já lançado por Minowa como candidato a sucedê-lo, é dos mais complicados. Ele já teve uma visão disso na primeira semana em que ficou no cargo, que se encerra hoje. Apesar de ter conseguido fechar com um técnico que agradou em cheio à torcida, Zé Teodoro, montar um elenco se equilibrando nas contas deixadas pelas administrações passadas é uma missão e tanto.
Os próximos dias serão para contratar pelo menos 10 atletas. Nada que o assuste, diz Minowa. Para ele, o desafio de comandar uma das paixões do paraense é maior que a da maior autoridade executiva paraense.
“A emoção foi tão grande. Se tivesse perdido, nem sei dizer o tamanho dessa revolta, nem sei o que faria, se ficaria no clube. Para mim, ser presidente do Remo é maior do que ser governador do Pará”, resume o presidente do Remo.
Amazônia, 22/12/2014