A reunião extraordinária do Conselho Deliberativo prometia ser quente. Afinal, foi marcada pelo Conselho Fiscal com o intuito de analisar as contas da gestão do atual presidente, André Cavalcante. O relatório de 17 páginas e 256 anexos, com as análises das finanças remistas, foi lido por Heitor Freitas, presidente do Confis e a primeira acusação recebida pela atual diretoria foi de falta de transparência e falta de prestação de contas.
“O saldo do livro-caixa não bate com os balancetes analíticos, compostos no relatório. Os valores estão diferentes e deveria ser o mesmo valor. Além disso, as receitas e as despesas aparecem zeradas. Como podemos analisar as contas sem essa transparência?”, disse Heitor Freitas.
“Solicitamos uma perícia no sistema, nos arquivos e um lacre no servidor, para que possamos verificar o motivo de ocorrerem essas mudanças e que seja feito de forma imediata, porque pode haver alguma manipulação amanhã (terça-feira) e mudar mais uma vez”, completou o presidente do Confis.
Toda essa situação acabou afetando nas eleições, acarretando na desistência da chapa “Filho da Glória e do Triunfo”, de Marco Antônio Pina, o “Magnata”, e Francisco Rosas.
“As pessoas não sabem a situação crítica que Remo passa. Não é só reformando o Baenão que vai se resolver e minha vaidade não vai me deixar ser imprudente. Falei com o Rosas, que é contador. Com essa situação financeira, amanhã (terça-feira), vamos retirar a nossa chapa”, anunciou Magnata.
“Decidimos que vamos apoiar o Manoel Ribeiro, porque só ele pode capitanear recursos. O rombo está de quase R$ 6 milhões nessa gestão, de acordo com esse relatório, que acho que nunca foi feito algo assim na história do Clube do Remo”, encerrou.
Ao longo da semana, houve muitas acusações entre os presidentes do Remo (André Cavalcante), do Condel (Manoel Ribeiro) e do Confis (Heitor Freitas) por conta da reunião da noite desta segunda-feira (17/10). Segundo Freitas, ele estava fazendo o seu trabalho, o que já deveria ter sido feito há mais tempo dentro do Leão.
“Fizemos o relatório para averiguar as contas. Só fizemos o nosso trabalho. Se estivesse no Remo antes, tenho certeza que o Clube do Remo não estaria assim. A partir de agora, a cobrança vai ser maior, em todas as gestões”, explicou.
André Cavalcante afirma que Heitor Freitas estaria ligado a Manoel Ribeiro, que disputa com Cavalcante as eleições à presidência no próximo pleito.
“Isso foi tudo armado. Ele é cabo eleitoral do Manoel Ribeiro. Além disso, o Manoel Ribeiro não deixou eu me defender. O certo seria eu saber o assunto do relatório e montar minha defesa, mas na hora da minha fala, o Manoel Ribeiro encerrou a reunião”, afirmou André.
Ribeiro explicou o motivo de ter encerrado o encontro antes da defesa de André Cavalcante. “O relatório é muito longo. Todo mundo queria falar e não ia ficar até de manhã lá. Vamos marcar para sexta-feira (21/10), são 5 dias para a defesa do André. Além disso, dá tempo para que todos possam ler o relatório e consigam se informar sobre a situação. Vamos aguardar a situação”, encerrou.
Diário do Pará, 18/10/2016