Artur Oliveira
Artur Oliveira

O Clube do Remo passa por uma grande crise interna, principalmente do ponto de vista financeiro e político. Apesar de, mais uma vez, ter garantido calendário para o segundo semestre do ano que vem, os bastidores azulinos seguem agitados por conta das eleições, que foram adiadas para o dia 03/12. Além disso, o Leão segue sofrendo com a desunião entre seus dirigentes, que fazem discursos pregando unidade, mas não conseguem se aproximar de fato.

Alguns ídolos azulinos resolveram comentar sobre a atual situação azulina. Marquinho Belém, Ageu Sabiá e “Rei” Artur escreveram sua história com a camisa azulina nas últimas décadas, com gols e títulos. O lateral-direito, por exemplo, ficou conhecido como “Coração de Leão” e foi um dos grandes nomes da posição no clube, marcando gols de falta e participando ativamente de uma das maiores conquista do Remo, o título do Campeonato Brasileiro da Série C de 2005.

Ageu Sabiá é lembrado pela dupla que fez com Edil, vestindo a camisa do Leão. Com muita velocidade, dribles desconcertantes sobre os adversários e diversos gols sobre o maior rival, Ageu se consagrou no ataque do Leão.

Artur Oliveira até hoje segue reverenciado pelos seus “súditos” azulinos, como um dos maiores jogadores da história do Clube do Remo. Sempre com grandes jogadas e gols, ele conquistou os torcedores e está marcado na história.

Apesar de jogarem em épocas distintas, todos têm um pensamento em comum: que o Remo precisa urgentemente sair desta situação para voltar às glórias do passado.

[colored_box color=”yellow”]De “rei” dos gramados à presidente do clube?

Artur Oliveira começou a trilhar o seu caminho no Clube do Remo em uma época de glórias. Vindo do futebol do Acre, depois de boas apresentações contra Remo e Paysandu, ele foi sondado por dirigentes das duas equipes e optou pelo Leão, se tornando um dos maiores ídolos do time, ganhando o apelido de “Rei”. O ex-jogador azulino espera um dia passar para o cargo de presidente do Leão.

“Tenho esse pensamento. No dia em que achar pessoas sérias para trabalhar, eu vou. Já houve conversas e, em breve, isso pode ocorrer”, conta.

Sobre esta briga nos bastidores, Artur ressalta que os problemas são antigos, mas que não eram tanto assim. “No meu tempo não era assim. Não havia tantas pessoas brigando desta forma. Acho que o Remo só vai para frente quando aparecerem pessoas querendo fazer mais pelo Remo do que por elas mesmas”, encerrou.

Quanto á formação do time, por ser de outro Estado, Artur não se diz contrário a trazer jogadores de outras regiões, desde que tenham qualidade. “Nunca fui contra jogador de fora, até porque sou um ‘forasteiro’. Se tiver qualidade, tem que vir. O carinho que a torcida tem por mim até hoje foi pelo o que fiz em campo. Só que na base tem jogadores hoje que são melhores do que os que vêm. Eles não vêm o jogador jogar. Não se pode trazer jogador de qualquer forma”, afirmou.[/colored_box]

“É preciso criar vergonha na cara”, diz Ageu

Na temporada de 2016, a diretoria do Clube do Remo contratou 32 jogadores e, mais uma vez, foi nítida a dificuldade para que fossem feitas contratações acertadas. Nomes como Potita, Murilo e Ítalo acabaram mais uma vez passaram pelo futebol paraense, saindo sem mostrar o motivo de terem vindo. Esse tipo de transação incomodou bastante o ídolo remista Ageu Sabiá, que aponta os dirigentes como culpados.

“A diretoria é culpada 100%, porque contrata todos esses jogadores que estão abaixo do nível. Fui este ano em uns 4 jogos do Remo e, antes de acabar a 1ª fase (da Série C), já sabia que o time não ia classificar. Os jogadores eram de um nível muito baixo”, afirmou.

Nas idas ao estádio, ele conta que a torcida pedia para que ele voltasse aos gramados. Do jeito que está o Leão, ele diz que hoje ainda daria conta. “A diretoria tinha que ter vergonha na cara para contratar assim. Se for para trazer esses jogadores, pode me contratar, que mesmo com 50 anos, faço o que eles estão fazendo”, disparou.

Sobre toda essa briga nos bastidores remistas, Ageu ressalta que já está na hora do clube se unir e começar a rejuvenescer.

“A gente não quer ver essa briga. Todos devem ser unir. Tem que botar pessoas jovens lá, com pensamentos jovens, que vão para cima. Também é preciso mudar o pensamento. Temos que trazer treinador e não treinador que é empresário. Porque vem um treinador cheio de seus jogadores. Tem que parar de trazer jogador velho, futebol hoje é correria, velocidade. Acho que esse é o caminho. Joguei anos no Remo e nunca disputei uma Série C, muito menos Série D”, encerrou.

[colored_box color=”yellow”]Diagnóstico é claro: vaidade é o problema crônico do Leão

Um dos grandes ídolos recentes da história do Clube do Remo é o lateral-direito Marquinho Belém, o “Coração de Leão”. O jogador foi um dos destaques na campanha azulina do título do Campeonato Brasileiro da Série C, em 2005, marcando um gol de falta até hoje lembrado pelo torcedor remista, na vitória de 3 a 2 sobre o Abaeté, no Mangueirão.

Atualmente, Marquinho Belém é comentarista esportivo de uma rádio da capital paraense e, quando o assunto é eleições azulinas, ele não gosta muito de falar.

“Prefiro não dar holofotes para esses caras. Prefiro falar do time, de contratação, de futuro. O Remo é um clube sem unidade. Muitos dirigentes entram lá e colocam a vida pessoal e profissional à frente dos interesses do clube”, afirmou Marquinho, que vê que um dos grandes problemas do Leão hoje é a vaidade dos seus dirigentes e espera que os azulinos vejam o maior rival como um exemplo.

“Antigamente não era assim no Remo. É preciso pegar o modelo do Paysandu. Lá, a vaidade é de quem faz mais pelo clube, mas no Remo parece que é diferente. Desde que joguei no Remo, o errado sempre foi o certo e não estou defendendo ninguém do Remo, não”, argumentou o ídolo remista.

Com todos estes sérios problemas nos bastidores do Leão, o ex-jogador vê uma possibilidade para, quem sabe, o Leão voltar às glórias antigas.

“Tem que deixar alguém chegar com dinheiro para investir no Remo, mas deixar o cara mandar, dar espaço para ele trabalhar, para que o Remo comece 2017 tranquilo. Além disso, é preciso união. Esses que ficaram no Remo precisam se unir e puxar a corda para um lado só. Acho que assim o Remo pode começar a melhorar”, encerrou.[/colored_box]

Diário do Pará, 13/11/2016