O final do ano de 2016 foi fundamental para as expectativas e projeções sobre o futuro do Clube do Remo. Após o processo de eleição, que na época reuniu 3 chapas concorrentes para assumir o Conselho Diretor (Codir), em tese, foram escolhidos os candidatos que apresentaram as melhores propostas, em uma tentativa realista de colocar o Remo em ordem.
Por maioria dos votos, Manoel Ribeiro e Ricardo Ribeiro foram eleitos para assumir os cargos de presidente e vice, respectivamente, para o biênio 2017-18. No entanto, depois de ter se passado quase metade do mandato, o que é visto – internamente e externamente – pelos lados azulinos é que quase nenhuma das propostas elaboradas pelos atuais cartolas vingaram.
Ao todo, foram 12 propostas apresentadas. Entre as mais destacadas, estavam o acesso à Série B, a reconquista do Campeonato Paraense, a reconstrução do Baenão e uma reforma administrativa.
Apenas nessas quatro citadas, duas já foram descartadas logo de cara, pois, além do Leão não ter faturado nenhuma das competições projetadas, não chegou nem próximo de atingir tais objetivos, mesmo chegando à final do Parazão. As outras duas, chegam até ser um ponto curioso para debate, pois o Baenão, que mesmo seguindo em reformas, teve toda sua idealização e execução realizados por iniciativa de torcedores.
Sobre a reforma administrativa, talvez, de todas as especuladas, essa deva ser a mais intrigante entre as listadas. Cometendo os erros arcaicos de gestão anteriores, na primeira situação delicada em que o clube enfrentou, após a eliminação da Série C, todos os componentes da diretoria de futebol abandonaram o barco. Assim, ficou evidente que nem uma conjuntura foi previamente planejada, para poder, de fato, ocorrer uma reformulação.
Mesmo assim, com a promessa de reforma na gestão, foram anunciados novos responsáveis para tal setor mas, novamente, o Remo exibiu complicações na gestão, quando o vice-presidente pediu licença por não ser útil da forma como queria. Chateado com o rumo que a instituição tomou na sua gestão, Ricardo Ribeiro, que ajudou arquitetar todos os passos, explica que tentou de todas as formas ajudar o Remo.
“Fico muito triste e aborrecido pelo que vem acontecendo. Me disponibilizei em tentar encontrar meios para que pudéssemos colocar tudo em prática, mas vocês sabem bem como as coisas foram acontecendo”, disse Ricardo, que segue afastado da gestão após pedir licença por incompatibilidade operacional.
Sendo assim, a chapa 10, eleita para comandar o Clube do Remo, ainda não conseguiu concluir nem 1/3 do que tinha prometido. Com mais 1 ano ainda restante de gestão, já que o final de 2017 pouco servirá para tentar reverter o cenário, a administração azulina tentará ao menos não piorar as coisas, o que já seria um grande bem.
As 12 propostas e a realidade atual:
Acesso à Série B
Sem êxito. Encabeçando a lista de promessas, o acesso à Série B era o principal objetivo no clube da temporada. Com um time montado às pressas e sem muita qualidade para disputar tal competição, o Leão, mesmo permanecendo em boa parte da primeira fase na zona de acesso, nunca passou confiança de que fato poderia subir. Pelo contrário, escapar do rebaixamento foi a principal conquista.
Reconquista do Campeonato Paraense
Sem êxito. Além de não ter vencido o Estadual, o Clube do Remo viu o seu maior rival levantar novamente o caneco da competição.
Reforma Administrativa
Sem êxito. Talvez a proposta mais difícil e distante de ser realizada. Com conflitos constantes, em menos de 12 meses a atual administração já segue na sua segunda roupagem dentro da Diretoria de Futebol. Tendo a centralização do poder nas mãos de apenas uma pessoa, no momento, o futuro do futebol azulino segue da mesma forma como a distribuição de deveres na instituição: incerto e duvidoso.
Reconstrução do Baenão
Sem êxito. Prazos e mais prazos foram dados à torcida, além de boatos sobre parcerias para reconstruir o estádio. A frustração foi ainda pior pelo fato de que o Baenão completou 100 anos em 2017, ainda estando impossibilitado de receber jogos. As atuais obras nada têm a ver com a gestão azulina. São frutos do esforço da própria torcida para voltar para casa.
Reestruturação e Ampliação do Programa Sócio-Torcedor
Sem êxito. Na verdade, o que pouco se escutou neste ano foi o termo “sócio-torcedor”. Sem nenhum beneficio aos torcedores, o programa parece ter sido extinguido, pois nada foi feito para impulsionar novos cadastramentos da torcida. A única tentativa feita, no início do ano, foi um plano mais caro e com sérios problemas éticos.
Política de Transparência e Portal de Transparência
Sem êxito. Outro grande problema instaurado há anos dentro do Clube do Remo: (falta de) transparência. Sempre demonstrando dificuldade em revelar os reais números que entram e saem no clube, esse fator impulsiona a falta de credibilidade e confiança dos torcedores com os cartolas, além de afugentar possíveis parceiros comerciais.
Fortalecimento do Esporte Olímpico e Amador
Sem êxito. Conforme foi apurado, alguns dos principais esportes do clube, como a natação, futsal, basquete e regata, seguem sem muito apoio vindo por parte da atual gestão. Na natação e no futsal, por exemplo, os principais investidores são os responsáveis dos próprios atletas, que custeiam as atividades em período de competições.
Valorização do Espaço Social do Clube
Positivo. Além da obra no Salão Nobre da Sede Social, outros pontos também seguem em reforma, como o estacionamento, que será mais amplo, visando o melhor fluxo dentro da sede.
Zelo com o Patrimônio
Sem êxito. O maior patrimônio do clube é a sua torcida, que foi desrespeitada a cada “lambança” feita pela cúpula azulina. Tanto que as cobranças para que Ribeiro renuncie seguem sendo feitas.
Mais Investimentos em Franquias do Remo
Positivo. Apesar de não se ter conhecimento até onde a administração do clube atuou nessa área, a expansão da marca Remo teve um crescimento interessante nesse ano. Com lojas em todos os shoppings e nos principais supermercados, o Remo também ganhou um bar e uma barbearia com o nome da instituição.
Revitalização da Sede Náutica
Sem êxito. Fazendo parte desde o começo da história do clube, quando ocorreu a fundação da agremiação, a Sede Náutica do Remo é uma incógnita. Parecendo estar fechada todo o tempo. O local, que poderia ser explorado como um centro cultural do clube, é outro que não tem tido o devido suporte por parte da gestão.
Criação de uma Política Institucional Junto às Torcidas Organizadas
Sem êxito. Não conseguindo impor práticas de comunicação dentro da própria equipe administrativa, o diálogo com a torcida não seria diferente. Deixando de lado o torcedor, no que diz respeito em medidas que poderiam ser tomadas em prol do clube, na verdade, a gestão acabou se afastando mais do que se aproximando da torcida azulina.
Diário do Pará, 22/09/2017