A profissionalização do futebol é um caminho sem volta e já está consolidada no Brasil há, pelo menos, uma década. Porém, o Remo atentou para o fato com atraso.
O clube viveu de modelos de profissionalização esporádicos e específicos, bem mais longe do ideal, fruto – obviamente – da política do clube, que é um caos. A gestão de Fábio Bentes é uma esperança para estancar boa parte dos problemas e impor a retomada de um projeto valoroso.
O nível de profissionalização dos clubes paraenses foi medido pela BDO – empresa que reúne auditores independentes, de sociedade simples – em pesquisa recente. Este estudo engloba nível endividamento, receita e outros aspectos em uma análise mais global.
De forma simplória e específica, porém, é preciso analisar o valor da marca azulina, considerando três variáveis: torcida, receita e mercado. A liderança é do Flamengo (RJ), seguido de Corinthians (SP) e Palmeiras (SP). O Clube do Remo aparece em 37º lugar entre os clubes brasileiros e os números são preocupantes.
Em 2014, o valor da marca era R$ 5,2 milhões, sendo verificados acréscimos em 2015 (R$ 8,4 milhões) e 2016 (R$ 9,3 milhões). A partir de 2017, a trajetória foi de queda acentuada, registrando R$ 8,4 milhões, caindo para R$ 4,4 milhões em 2018.
“Apesar do orgulho dos paraenses sobres os únicos representantes da Região Norte, temos que ser cautelosos em relação a análise proporcionado pelo panorama econômico nacional pois, verifica-se uma redução nas receitas em 2017 de 1% em relação à 2016. Existe uma tendência de queda de alguns clubes da lista, como já vem acontecendo segundo relatório”, avaliou o professor de educação financeira Alexandre Damasceno.
“Se caso os clubes não reavaliem os trabalhos que estão sendo feitos no momento, como patrocínios, sócio-torcedor, formação de base, marketing e outros, a situação pode piorar. Então, tomar como base o relatório oferecido para os clubes é de grande valia para observar as deficiências e potencialidades para os nossos dirigentes de futebol local e fazer pensar em uma direção de projetos de curto, médio e longo prazo, eficazes e realista ao nosso futebol”, completou.
“O estudo sobre o valor comercial das marcas dos clubes de futebol do Brasil tem como objetivo contribuir com o fluxo de informações e ferramentas de marketing para o mercado do futebol”, diz um trecho do estudo.
“O grande desafio para as marcas continua sendo o de conseguir converter esses milhões de torcedores em consumidores ativos e motivados”, conclui.
Novo presidente do Remo, cujo mandato foi iniciado há uma semana, o empresário Fábio Bentes quer implantar um modelo de gestão moderno, afastando-se das amarras tradicionais e incontestáveis que existem no clube. Ao analisar a pesquisa, Fábio alegou que tinha conhecimento dos dados e não mostrou surpresa.
“Entendo que o momento do Remo, na contramão da profissionalização, foi fundamental. O torcedor precisa acreditar que o dinheiro está sendo bem empregado. O mercado analisa a credibilidade e a transparência, até para saber se vale a pena se associar”, analisou.
Para Bentes, a desvalorização do programa sócio-torcedor tem que ser considerada.
“Um dos critérios é o programa de sócio-torcedor e aquilo que ele oferece. Como esse ano reduziu-se a troca de ingressos, o Remo perdeu pontos no critério de análise”, criticou, acrescentando que o período de paralisação de jogos no Baenão foi extremamente prejudicial.
O gestor, entretanto, prefere pensar no futuro, informando que a ideia é que o estádio já receba jogos no início do Campeonato Paraense de 2019.
“O cuidado com o patrimônio é outro critério. Observamos um retrocesso em muitos desses aspectos”, disse.
“Deprecia o patrimônio e a marca, mas já temos um projeto bem encaminhado. Precisamos eliminar exigências dos órgãos de segurança. Falta uma rede de hidrantes e tem a questão do plano de fuga de incêndio, a reforma de alguns espaços e alguma coisa da parte estrutural. Ainda no Campeonato Paraense vamos voltar a jogar no nosso estádio”, garantiu.
Para concluir, Fábio ressalta que a marca do Remo estava em uma crescente.
“Vamos retomar a linha de evolução. O patrocinador nacional vai levar em consideração este estudo e o patrocínio esportivo é muito além da exibição da marca da empresa. Precisa ter o algo mais. Isso é o que vamos buscar”, apontou.
O Liberal, 18/11/2018
A presidência do Manoel Ribeiro praticamente extinguiu o socio torcedor, que já chegou a faturar meio milhão no mes para os cofres azulinos. Esta deve ser a meta minima
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