O Conselho Diretor que saiu vencedor no pleito azulino trazem consigo toda a desconfiança do Fenômeno Azul. Erros administrativos do passado corroboram com este sentimento. Todavia, a apaixonada torcida azulina deve acreditar sim, pois somente ela pode soerguer o “Mais Querido”.
A crise que assola o Clube do Remo não é recente, salários atrasados e dívidas trabalhistas, com seus bloqueios financeiros, são comentados na mídia há mais de 20 anos. A fórmula para reduzir os problemas já existe, mas insistentemente é negligenciada pela direção azulina. Vamos exemplificar um pouco:
Na gestão de Licínio de Carvalho, não conquistamos títulos, mas não sofremos rebaixamentos e ainda fizemos uma boa participação em 2002. Em contrapartida, reduzimos sensivelmente nossas dívidas.
Ubirajara Salgado até manteve o ímpeto financeiro em 2003 mas, na tentativa de acesso a Série A, em 2004, com o retorno do pensamento de que a torcida paga o jogador, tivemos o primeiro rebaixamento. Cabe destacar que o sucesso do rival na época notadamente impactou nas decisões azulinas.
Em 2005, com o Remo afundado na Série C, assumiu Raphael Levy. O Fenômeno Azul colocou o clube nas costas e o levou à Série B novamente, mas um erro administrativo pesaria nos anos futuros – Thiago Belém.
O efeito “torcida” atraiu o próximo presidente, Raimundo Ribeiro, para um erro fatal: a crença de que a torcida paga o jogador retornou e, com uma folha muito superior à capacidade de pagamento do clube, amargamos uma crise que nos levou a um novo rebaixamento.
Amaro Klautau (2009-2010) é um capítulo a parte, pois com uma administração moderna, melhorou sensivelmente a gestão do Clube do Remo. Todavia, a “herança maldita” da gestão anterior deixou o futebol azulino “sem divisão”. Foi decisivo para tanto o excelente time montado pelo São Raimundo, que não por acidente acabaria conquistando o título da primeira edição da Série D. O insucesso no Brasileirão e a teimosia em vender o Baenão marcaram a gestão de Klautau e, consequentemente, as melhorias administrativas não foram evidenciadas.
A gestão de Sérgio Cabeça confirmou que o Remo estava na UTI e colaborou para a tentativa de “remédio” proposta por seu sucessor, Zeca Pirão (2013-2014), que com uma campanha midiática bem estabelecida, recuperou a força da torcida azulina, mas perdeu a oportunidade de deixar o clube com a semente do saneamento financeiro, quando insistiu em investimentos fora da realidade azulina (modernização do Baenão).
Na gestão de Pedro Minowa, complementada por Manoel Ribeiro, ficou latente a desunião dos cartolas azulinos e isto pesou drasticamente para o insucesso administrativo do período, pois mesmo com o acesso à Série C, o Remo entrou com graves problemas em 2016, os quais não foram saneados por André Cavalcante.
De tudo que foi comentado anteriormente, podemos guardar algumas lições aprendidas:
- Um time competitivo não necessita de vários jogadores importados de outros centros, como se verificou no Remo de 2002 e 2005, assim como o São Raimundo de 2009;
- Torcida não paga jogador. O clube deve ter responsabilidade administrativa, o teto salarial deve ser imposto e mantido, independente de tudo;
- As virtudes das gestões anteriores devem ser mantidas e otimizadas, como, por exemplo, a organização de Klautau, o marketing de Pirão, a valorização regional de Licínio;
- A diretoria não tem que se preocupar com jogador, tem que se preocupar em conseguir patrocinador;
- Não se preocupar em igualar o que o “vizinho” está fazendo. Somos únicos e devemos enfrentar nossos problemas com nossas soluções.
Aliado a tudo que foi tratado, podemos avaliar a trajetória da Chapecoense (SC) desde da Série D. Times baratos, bem arrumados, responsabilidade, investimento na base e na infraestrutura e credibilidade junto a torcida e seus investidores. Tudo isso, planejado com bastante antecedência e com muito trabalho.
Texto enviado por: João Augusto Barros
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