Em 2017, o Clube do Remo terá um novo ano com problemas antigos. As primeiras ações, que indicam um pensamento de austeridade financeira, foram apresentadas com este início de formação do elenco de futebol, mas será suficiente para o Leão apenas atacar as despesas, com tetos e responsabilidade fiscal?
Independente das peculiaridades de um clube desportivo, cabe a análise similar ao de uma empresa, pois os custos e necessidades de investimento se tornam similares. Como as medidas restritivas e de economia estão sendo bem tratadas e, até mesmo, mostra-se como assunto esgotado de conteúdo, passaremos a abordar uma outra coluna do livro-caixa azulino, ou seja, a entrada de valores. Desta forma, faremos uma análise sucinta sobre o que pode ser trabalhado no Clube do Remo para potencializar a entrada de valores nos cofres azulinos.
1) Gestão Corporativa
Tudo começa por um trabalho base de diagnóstico administrativo, que consiste em indicar onde o recurso que entra é aplicado. Desta maneira, teremos imediatamente algumas respostas:
- Quais os setores do clube geram recursos?
- Quanto cada setor consome destes recursos?
- Qual seria o valor de referência que permitiria um “superavit” financeiro no clube?
2) Patrimônio
O Clube do Remo possui um vasto patrimônio, com destaque para o Baenão e a Sede Social. Como qualquer ativo de uma empresa, ele deve ser autossuficiente. Exemplos de bom uso de patrimônio por parte de clubes temos diversos: São Paulo (SP), Palmeiras (SP), Botafogo (RJ), etc. O Baenão e a Sede devem ser administrados de maneira a render valores que paguem seus funcionários, assim como a manutenção destes bens. Uma excelente ideia seria buscar na iniciativa privada uma parceria que permitisse a modernização do patrimônio azulino em troca de alguns anos de concessão, aos moldes do que o Palmeiras (SP) fez com seu estádio Allianz Parque.
3) Patrocínios
Parece polêmico falar de patrocínios, mas no esporte atual é o único caminho de sobrevivência. Por ter uma marca muito forte, o Remo deveria ter facilidade em conseguir bons investidores, mas o descuido com a imagem do clube nos últimos anos tem impactado negativamente, aliado às grandes dívidas tributárias acumuladas, que impedem investimentos estatais. A questão tributária foi parcialmente solucionada coma a adesão ao Profut. A ação atual deve ser de entrevistas, reuniões e contatos com empresas de médio e grande porte, expondo as potencialidades do clube. Cabe destacar que os patrocínios podem e devem ser direcionados, ou seja, buscar patrocínios para cada setor do clube, por exemplo: patrocínio do basquete, do voleibol, do futebol profissional, do futebol de base, etc.
4) Projetos Estratégicos
O Clube do Remo depende de estabelecer alguns projetos estratégicos nos diversos setores: comunicação social, pessoal, administrativo e operacional. Do ponto de vista administrativo, temos um exemplo positivo com o Programa ST Nação Azul, que deve ser potencializado. A Comunicação Social está com poucas ações. Datas importantes deveriam ser mais exploradas com corridas, passeios ciclísticos, jogos comemorativos, exposições, etc. Estes eventos podem ser, inclusive, delegados a empresas especializadas, sem ônus ao clube, que ganha indiretamente com a movimentação da cidade em volta do nome do clube.
5) Atletas da Base
O Remo assumiu o posto de maior formador de atletas de futebol do Norte nas últimas 2 décadas, todavia este status ainda não se traduziu em um substancial incremento nas finanças azulinas. Este aspecto se deve a alguns elementos administrativos, que tem sido aos poucos trabalhados, entre eles: ausência de contratos, poucas oportunidades no time principal, pouca exposição dos atletas por empréstimo, etc. Cabe destacar que uma base bem formada reflete em negociações futuras e na montagem de um elenco competitivo com custo admissível para o clube.
6) Bilheteria
Apesar de continuar sendo a maior fonte de receitas do Clube, a bilheteria do futebol profissional ainda apresenta um grande potencial de melhoria. Obviamente, alguns aspectos são de difícil controle, como o time sempre chegar às finais dos campeonatos que disputa, mas os aspectos de conforto da praça desportiva, segurança e disponibilidade de serviços que facilitem a vida do torcedor estão dentro das competências do clube e devem ser tratadas para que os jogos sejam mais atrativos.
Para concluir, vamos realizar uma analise quantitativa bem sumária. As principais receitas e despesas mensais do Clube do Remo, segundo dados da divulgados pela imprensa, são:
[one_half last=”no”]Despesas
Funcionários – R$ 120 mil
Elenco de futebol profissional – R$ 500 mil
Manutenção de patrimônio e concessionárias – R$ 90 mil
Administração local – R$ 60 mil
Outros setores – R$ 90 mil[/one_half][one_half last=”yes”]Receitas
ST Nação Azul – R$ 210 mil
Bilheteria – R$ 300 mil
Outras fontes – R$ 90 mil[/one_half]
Desta maneira, teríamos receitas na ordem de R$ 600 mil mensais para enfrentar dívidas na ordem de R$ 770 mil ao mês. A primeira resposta para a pergunta-título deste artigo poderia ser pela inviabilidade financeira do clube, mas basta verificar que o ST Nação Azul possui 20 mil sócios cadastrados, com apenas 5 mil adimplentes e uma ação bem desenvolvida de marketing, com motivação da torcida que viabilizasse alcançar os 20 mil sócios-torcedores em dia implicaria em uma receita mensal de R$ 1 milhão, o que tornaria o clube auto-suficiente, viabilizando que as outras fontes de receitas sejam aplicadas como investimento.
Do exposto, o Fenômeno Azul e a diretoria têm condições reais de viabilizar o Clube do Remo no curto prazo, mas para tanto, faz-se necessário agir com extremo profissionalismo e de acordo com os aspectos identificados em um diagnóstico institucional bem realizado.
Texto enviado por: João Augusto Barros
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