Após a classificação do seu time júnior para a final do Campeonato Paraense Sub-20, o ambiente no Remo tinha tinha tudo para ser tranquilo neste fim de semana, mas a paz está longe de reinar no Baenão. Ontem, a diretoria azulina se pronunciou sobre o “sumiço” do zagueiro Wenderson Tsunami, revelado nas categorias de base do clube e que estava disputando a competição estadual improvisado como volante. O diretor de futebol do Leão Azul, Maurício Bororó, afirmou que o empresário Davi Leal é o responsável por aliciar o jogador de 16 anos, que ontem se apresentou ao Sport (PE).
De acordo com o dirigente remista, o empresário teria estado no Baenão, quarta-feira passada, por ocasião do jogo entre Remo e Tuna Luso, válido pelas semifinais do Sub-20, tentando manter contato com outros atletas do clube. Bororó teria flagrado uma pessoa, que mais tarde foi identificada como Leal, em uma área restrita a funcionários, aliciando jogadores para deixarem o Remo.
“Não permiti a permanência dele dentro das dependências da Toca do Leão, onde apenas se pode entrar funcionários do clube. O que me revoltou foi que ele ainda quis discutir, achando que tinha razão. Se já não bastasse estar em área indevida, ele aliciava os nossos jogadores. Fui parabenizar os atletas e tomei um susto com a atitude dele. Foi uma falta de respeito”, disparou Bororó.
O vice-presidente das divisões de base do Remo, Ulysses Oliveira, confirmou o ocorrido e acrescentou que os próprios jogadores revelaram que o empresário era David Leal, responsável por levar Tsunami para o Leão pernambucano. “Soubemos que um empresário teria vindo ao Baenão acompanhar a partida entre Remo e Tuna, pelo Campeonato Paraense Sub-20. Após isso, os jogadores nos informaram que ele (Tsunami) teria recebido uma sondagem do Sport (PE). Tenho certeza que estamos perdendo mais uma grande promessa das divisões de base do clube”, comentou o cartola.
Oliveira, no entanto, confirmou que o Remo não pode tomar qualquer providência para evitar a perda de seu prata da casa, uma vez que Tsunami não tinha nenhum vínculo – amador ou profissional – com o clube. “Era para ele ainda estar conosco para os dois jogos da final do Campeonato Paraense. Infelizmente estamos perdendo um jogador promissor com certa facilidade, já que ele não tinha contrato. O clube contratante adora essas facilidades. Não terão custos para levar o atleta”, lamentou Oliveira.
Empresário diz que negociação foi autorizada pela família
Procurado pela reportagem, David Leal se defendeu das acusações feitas por Maurício Bororó. O empresário negou ter aliciado qualquer jogador das categorias de base azulinas e disse que, na verdade, foi procurado pessoalmente por Wenderson Tsunami, que estava interessado em sair do Remo. Ele garantiu ainda que toda a negociação foi acompanhada pela família do jovem atleta.
“O garoto me procurou por ocasião da peneirada que estávamos fazendo para o Sport (PE) aqui em Belém. Ele disse que não tinha contrato com o Remo, apesar de sua família ter procurado várias vezes os dirigentes do clube para tratar do assunto. Por isso, queria participar da nossa peneirada e foi o que aconteceu. Ele foi observado pelo olheiro do Sport, o João Maradona, que o aprovou e decidiu levá-lo imediatamente”, contou o empresário.
Segundo Leal, Wenderson Tsunami já está na capital pernambucana, treinando com seus novos companheiros de categorias de base. “Hoje (ontem), o garoto chegou ao Recife (PE), assinou contrato e começou a treinar junto com o elenco sub-20 do clube. Esperamos que ele tenha muito sucesso na carreira e possa ajudar sua família, o que aliás é o maior desejo do jogador”, declarou.
Alertados pela facilidade com que o jovem zagueiro deixou o clube, os dirigentes do Remo finalmente decidiram chamar os nove atletas do elenco sub-20 que ainda não tinham contrato com o clube para negociar algum tipo de vínculo. Entre estes jogadores, estão jovens revelações como o lateral-esquerdo William, o meia Alexandre e os atacantes Edkléber, Samuel e Yan Michel.
O Liberal, 14/06/2013