Na atual campanha invicta do Remo, muito tem sido dito da qualidade do trio de zagueiros e da força ofensiva, mas aos poucos é possível visualizar outras virtudes no time que Flávio Araújo está construindo. E um aspecto salta aos olhos: a qualidade do passe na armação de jogadas. Méritos para o organizador Thiago Galhardo, que vem evoluindo desde a estreia diante da Tuna na segunda rodada.
Ontem, frente ao PFC Paragominas, Galhardo foi novamente decisivo, como já havia sido diante do Cametá e do Paysandu. Além de lançamentos a partir do meio-campo, quando se posiciona como autêntico meia, ele se aventura como terceiro atacante.
Depois que o Remo levou um susto aos 6 minutos, com o gol de Aleílson aproveitando um erro de posicionamento da defesa, Galhardo foi o ponto de desequilíbrio na meia cancha. Passou a controlar a transição, recebendo a bola no centro do gramado e dali esticando para Paulista e Val Barreto.
Graças a essa disposição, Galhardo centralizou as jogadas e aparecia sempre livre, com o suporte do volante Gerônimo, que tem bom passe. Em lances iniciados por ele, o Remo conseguiu virar o marcador, com gols de Zé Antônio aos 22′ e Paulista aos 26′. O primeiro teve até drible do armador entre as canetas do zagueiro do Paragominas.
Outras oportunidades foram criadas, envolvendo e imprensando o PFC em seu campo. A evolução tática e o maior entrosamento do time transpareceram ao longo dos 45 minutos iniciais. Coincidência ou não, Galhardo saiu lesionado no final do primeiro tempo e com ele foi embora a transição tranquila que havia entre meio e ataque.
Apesar do gol de Paulista, em lance de puro oportunismo aos 14 minutos do segundo tempo, o Remo caiu verticalmente de produção e permitiu que o PFC equilibrasse as ações, a partir de jogadas de Magno e Marquinhos pelo lado direito do ataque.
Nem mesmo a entrada de Leandro Cearense conseguiu fazer a equipe repetir o ritmo da primeira metade do jogo. Edilsinho não conseguiu substituir Galhardo em produção de jogadas e participação nas ações ofensivas. Em consequência, o Remo voltou a usar as ligações diretas, sem conseguir reter a bola em seu poder. No finalzinho, acabou cedendo mais um gol em desatenção da zaga e permitiu um ensaio de sufoco por parte do PFC.
É importante notar a arrumação exibida pelos remistas no primeiro tempo, quando a disciplina tática esteve lado a lado com o entrosamento. Faz crer que, com mais entrosamento, o time deve passar a fazer jogos mais interessantes e à altura da bela campanha até agora cumprida.
Blog do Gerson Nogueira, 31/01/2013