Nos últimos anos, a torcida do Remo tem sofrido bastante com a falta de resultados da equipe dentro de campo, afinal o time não tem conseguido sequer disputar a última divisão do futebol nacional. O clube que passou muitos anos na Série B, que já foi de Série A e que não vence nem mesmo o Parazão desde 2008, carece de melhores resultados.
Paralelo a isso, o sub-20, se preservado, poderá render bons frutos ao futuro azulino. Pelo menos é esta a aposta da diretoria e do técnico Charles Guerreiro. A diretoria, inclusive, ainda tentou de todas as formas conseguir a vaga na Série D de 2013, porém não obteve sucesso.
Entretanto, a novela que parecia ter terminado ainda não acabou e nesta semana o torcedor remista Wendel de Souza Figueiredo, representado junto à Justiça pelos advogados Valber Motta e Vanessa Egla e fundamentado no Estatuto do Torcedor, apontou irregularidades quanto à inscrição do time do Genus (RO) na competição, objetivando, assim, a exclusão da equipe de Rondônia do torneio e a entrada do Clube do Remo em sua vaga.
No sábado (08/06), o juiz Raimundo Rodrigues Santana, da 10ª Vara Civil de Ananindeua, concedeu a liminar que determinou a suspensão dos jogos do Genus na Série D do Campeonato Brasileiro. Em seguida, na última quarta-feira (12/06), o juiz da 1ª Vara Cível de Ananindeua, Antônio Jairo de Oliveira Cordeiro, proferiu decisão mantendo a liminar que havia sido concedida e ainda solicitou a carta precatória citatória a ser entregue à CBF, no Rio de Janeiro, pela advogada Vanessa Egla, juntamente com Wendell Figueiredo, torcedor que ingressou com o processo na Justiça.
Com isso, o Grupo A1 da competição está paralisado até que CBF se pronuncie sobre o caso, o que deve ocorrer nos próximos dias. A pergunta que fica no ar é: valerá ao Clube do Remo participar da competição sem ter obtido os resultados satisfatórios em campo? Terá um time digno para tal?
É óbvio que o torcedor remista quer que o seu time participe da Série D, afinal, quem não quer ver o seu time jogar? Isso sem falar dos mais de seis meses em que a equipe ficará sem realizar partidas oficias, mas as opiniões são variadas quanto à vaga ser conquistada através da Justiça.
“Acho que tudo é válido, até porque a torcida já vem de muito sofrimento e é uma torcida apaixonada. O torcedor tem o direito de tentar conseguir a vaga. A gente sabe como é a rivalidade, o Paysandu está na Série B e o torcedor não quer ficar 6 meses ouvindo piadas. Fico triste do clube não ter conseguido dentro de campo e pelo que sei não faltou nada aos atletas, a diretoria deu tudo a eles. Então a gente só pode lamentar”, opinou o técnico Charles Guerreiro.
Já a torcedora remista Paula Azevedo, que é estudante de Relações Públicas, não acha justo o clube participar da competição sem ter conquistado tal direito dentro de campo. “Não concordo com atitude desses torcedores, pois creio que o time tem que ganhar em campo e não na Justiça. Se o time não teve competência de ganhar em campo, então que a vaga fique para o ano que vem. Não seria justo prejudicar outros times pela falta de competência do time do Clube do Remo”, explicou.
Remo está isento de ser punido
Segundo a Constituição Federal do Brasil, entidades esportivas só podem acionar a Justiça Comum após esgotadas todas as instâncias da Justiça Desportiva. A Fifa, no entanto, veta esta atitude, sob risco de severa punição, mas o Remo não corre esse risco, pois a ação é de torcedores.
Em 2011, o Rio Branco (AC) foi excluído do Campeonato Brasileiro da Série C por decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que acusava o clube de ter sido beneficiado com decisões da justiça comum. No entanto, um acordo posterior entre o clube do Acre, a CBF e o STJD, colocaram o Rio Branco novamente na Série C, desde que as ações na Justiça Comum fossem retiradas.
Em seguida, o Treze (PB), quinto lugar da Série D de 2011, se sentiu prejudicado com o acordo, alegando que, com o Rio Branco fora, a vaga sobrando deveria ser herdada pelo Galo, primeiro time da série anterior que não conseguiu o acesso. O time paraibano ingressou com uma ação pedindo a vaga junto ao STJD, onde foi derrotado por unanimidade. O Alvinegro resolveu, então, “apelar” para a Justiça Comum e conseguiu disputar a competição.
Depois disto, o Rio Branco ingressou com recursos sem sucesso. Após toda essa confusão, a Série C de 2012 ficou suspensa por mais de um mês e acabou sendo realizada com a presença do Treze e sem o Rio Branco.
Diário do Pará, 16/06/2013