O técnico Flávio Araújo estava inquieto na noite de ontem, quando comemorou seu aniversário. Não era pelos 50 anos de idade que já chegava, mas sim pelo confronto entre Clube do Remo e Paragominas. Na área técnica do Mangueirão, Flávio andava de um lado para o outro, olhava o relógio, para o chão, gesticulava os braços e, por fim, gritava. Gritava bastante com o árbitro Joelson Nazareno Cardoso. Certas horas, os gritos viraram até discussão com o quatro árbitro mas, por ironia do destino, quem parece ter dado o melhor presente de aniversário do treinador foi o próprio Joelson, quando decidiu, aos 48 minutos, dar por encerrada a partida no Mangueirão. Naquele momento, o Leão já havia construído a vitória por 3 a 2, mas sofria uma pressão danada pelo empate.
No entanto, com a vitória construída dos pés do zagueiro Zé Antônio e do atacante Fábio Paulista, a classificação para a fase de semifinal do Parazão 2013 veio de forma antecipada. Detalhe: o Leão continua 100% no certame, lembrando, inclusive da campanha de 2004, quando o clube foi campeão sem perder nenhum jogo. Por falar no ano emblemático, foi de lá a última vez que o Remo venceu cinco partidas seguidas no campeonato. Até ontem…
O jogo começou dando um susto no aniversariante do dia e na torcida azulina. Aleílson aproveitou uma bobeira da zaga azulina para inaugurar o placar aos 4 minutos. Susto no Mangueirão. Susto para Flávio. Mas a bola nem mesmo havia sido reposta e a torcida azulina, aos gritos de “Remo, Remo”, mostrou todo seu apoio ao time que estava perdendo até aquele momento. O incentivo funcionou. Vieram boas chances dos pés de Nata e Val Barreto.
O PFC, equipe bem postada em campo, tentava chegar em lances pontuais. Mas quem parece ter ouvido mais alto os gritos das arquibancadas foi Thiago Galhardo. Comandando o meio de campo, Galhardo foi responsável pela criação da jogada dos dois gols da virada. Aos 22 minutos, ele meteu por debaixo das pernas de Ronaldo, entrou na área e cruzou; no rebote Zé Antônio bateu rasteiro para empatar o jogo. Quatro minutos depois, ele novamente toca boa bola para Fábio Paulista, que avança pela direita e chuta para dentro do gol.
Antes do fim do primeiro tempo, Galhardo pediu para sair sentido o adutor da coxa. “A gente fala que está tudo bem, mas nunca é bem assim”, explicou ele, chorando.
Contudo, quem chorou mais no final, deve ter sido o técnico do Paragominas, Fran Costa. No segundo tempo, ele alterou o esquema tático para o 3-5-2 ao tirar o lateral-direito Rodrigo Capeta. Porém, a mudança não surtiu efeito. Pelo contrário. Logo as 14 minutos, Cristóvão tocou errado e Fábio Paulista não pensou duas vezes: roubou a bola, entrou na área e foi fácil colocar para dentro.
O terceiro gol fez o Leão ficar recuado, tendo que suportar as investidas do Jacaré. Aos 41 minutos, Bruno Maranhão fez cruzamento rasteiro para Bené colocar para fundo do barbante. Os três minutos finais foram de sufoco para os azulinos, mas o dia de comemorar era mesmo de Flávio Araújo e seus pupilos.
Vitória veio com alguns sustos
A comemoração era toda da nação azulina, na noite de ontem, depois da vitória por 3 a 2 em cima do Paragominas. Mais ainda para o aniversariante do dia, o técnico Flávio Araújo, que nem mesmo conversou com a imprensa após a partida, alegando ser o dia do ser aniversário. “Hoje (ontem) é aniversário dele, é o momento dele. Peço a compreensão de todos vocês da imprensa, porque é aniversário dele”, tentou justificar Wellington Recife, preparador de goleiros do Clube do Remo.
Flávio conseguiu escapar da imprensa, mas não do “trote” de alguns jogadores e membros da comissão técnica. “Hoje (ontem) é um dia especial, aniversário do nosso professor, que vem dando oportunidade para todos”, comentou o meia Thiago Galhardo, que deu os dois passes para o gol e saiu de campo sentindo dores. Hoje, ele passará por exames para saber se trata de algo mais grave. “O pior momento para mim era para cobrar os escanteios”, recorda.
Porém, além da comemoração, a noite serviu também para refletir: foi a primeira vez que o time começou atrás do placar e levou dois gols. “A gente ainda não tinha saído atrás do placar no campeonato e acho que sentimos esse baque. O importante é que conseguimos virar”, tentou justificar Galhardo. Já o zagueiro Zé Antônio confessou que os zagueiros se posicionaram mal nos dois gols sofridos. “Foi falta de posicionamento mesmo, mas temos esse tempo todo para corrigir isso”, considera.
Diário do Pará, 31/01/2013