Apesar de garantir não sentir mais nada da lesão na coxa que o tirou dos dois últimos jogos do Remo, o meia Thiago Galhardo ainda não voltou aos treinos coletivos do Leão. Sua volta ao time – estimada em 10 dias – agora corre risco: se não treinar hoje, a probabilidade de sua presença ser descartada para as semifinais cresce. Galhardo, por sua vez, trabalha apenas fisicamente e confia na volta e lembra que o técnico Flávio Araújo costuma aguardar até o último instante antes de confirmar o time.
Aguardar Galhardo é uma estratégia valiosa: desde que entrou no time, o meia virou um dos “caras” do Remo. Thiago é o principal articulador azulino, ainda que não tenha todas as características de meia armador. Mesmo sendo mais novo que os demais companheiros, o jogador tem papel importante quando a equipe demonstra precisar de calma em campo.
“Sou mais novo, mas acho que já tive uma rodagem que me deu essa tranquilidade. Não adianta reclamar com os companheiros, é preciso levantar a cabeça e sair para o jogo”, diz o jovem, que atribui essa característica à espiritualidade do time: a maioria dos jogadores se reúne para rezar nos cultos evangélicos. Bem diferente dos grupos que o Remo formou ultimamente.
A orientação não lhe confere nenhum título a mais no gramado. Ele garante que o grupo é muito unido e por isso há abertura para cobrar empenho dos companheiros, assim como para ser cobrado quando vacilar. Tudo em prol do objetivo que todos têm em comum: o título paraense pelo Remo, garantindo o calendário e retribuindo o carinho da torcida e a confiança dos dirigentes.
Como foi ficar de fora do time enquanto o Remo ainda brigava pela primeira colocação?
A sensação foi ruim. Estava pegando sequência e infelizmente acabei tendo essa lesão, abrindo vaga para concorrentes, que também são amigos e entraram bem, conseguindo manter o time invicto, classificando em primeiro. A gente vê o lado bom: quem estava fora continuava treinando bem e entrou correspondendo. O lado ruim é ficar de fora, só na torcida. Quando o time toma gol, a gente fica triste. Quando faz, a gente comemora. Espero agora jogar todos os jogos e ajudar quando o Flávio optar por mim.
Como são as conversas entre o grupo sobre a importância da reta final do primeiro turno?
Está todo mundo imbuído em conseguir o calendário para o ano inteiro. O Campeonato Paraense abre portas para todo mundo: quem ficar, vai estar valorizado para jogar a Série D e colocar o Remo de volta no cenário nacional e para mim não é diferente. Vim com o intuito de ser campeão, crescer com o Remo e aparecer junto com o time no cenário brasileiro, sendo campeão. Vamos pegar o Flamengo (RJ) logo de cara na Copa do Brasil e, se passarmos, vamos ter ainda mais moral. Temos que pensar nisso. Sendo campeão, a torcida estaria com a gente, a diretoria também. Temos que continuar do jeito que estamos, com um grupo unido.
O que diferencia esse grupo do Remo dos outros que fizeste parte?
Já trabalhei em outros grupos e você chegar é complicado. Às vezes, na apresentação, você percebe que o grupo já está fechado. Passei por isso no ano passado, mas nesse grupo foi diferente. Cheguei um pouco depois e a galera me abraçou. Fiquei até espantado. Isso tudo é por causa da consciência, humildade. Não tem estrela no nosso grupo, ninguém pensa do jeito “olha, aquele ali tem benefício, faz a diferença”. Não. O time todo notou que está jogando junto. A marcação começa lá de cima, vai passando pelos setores, todos se ajudam. Acho que também ajuda a galera ser evangélica. Todos estão juntos nos cultos. Acho que essa é a marca, a identidade que o Remo criou até agora.
O desgaste pela combinação entre viagens longas e campos pesados prejudica?
É desgastante, sim. Tem pouco tempo de recuperação. As viagens para Marabá e Cametá são cansativas. O cansaço bate, pelos campos pesados, pela chuva. Mas a gente sabe que é assim no Brasil. Nos preparamos em cima disso para estar melhor fisicamente e ajudar o clube evitando lesões.
Amazônia, 11/02/2013