Uma pergunta indaga o advogado do Clube do Remo, Pablo Coimbra, desde março de 2013: Por que as dívidas dos credores do Leão tiveram que sofrer reajustes esse ano? “Foi exatamente essa pergunta que me fiz quando passei a perceber que os valores estavam sendo atualizados. Nós apresentamos nosso recurso solicitando essa resposta no Tribunal Regional do Trabalho. Enquanto isso, estamos chamando os advogados dos credores para conversarmos, para saber se existe a possibilidade deles desconsiderarem essas atualizações”, narra Coimbra.
Esse é o quadro judicial que o novo presidente do Remo, Zeca Pirão, irá encontrar nos próximos meses dentro do clube. Pirão, que assumiu o posto de mandatário máximo do Remo na última segunda-feira (08/07), após a renúncia de Sérgio Cabeça, tomará conhecimento que uma inesperada manobra dos credores do Remo passou a atrapalhar a quitação de suas dívidas. O débito, que até então era estável e em torno de R$ 5 milhões, passou a ficar descontrolado. “Só de atualizações foram superiores a R$ 2 milhões”, completa o advogado remista.
Até a última verificação, a atual dívida trabalhista azulina já bate a casa dos R$ 9 milhões. Fato que pode ser visto com tristeza por Pablo Coimbra, pois, segundo ele, de 2011 até essa reviravolta, o Departamento Jurídico já havia conseguir diminuir a dívida pela metade, graças a acordos e o pagamento mensal de R$ 100 mil via Justiça.
“Desde 2011, participo de todas as reuniões do Remo na Justiça. Naquele ano, a dívida batia os R$ 11 milhões, mas começamos a fechar acordos em mais de 150 processos e com o (ex-presidente) Sérgio Cabeça honrando os compromissos, reduzimos pela metade, para R$ 5 milhões”, explica.
Sem renda de jogos, o jeito é encontrar um “Plano B”
Hoje, o Clube do Remo possui cerca de 70 credores – pessoas físicas ou jurídicas que ainda têm valores para receber da agremiação. De acordo com Pablo Coimbra, advogado do Remo, se não tivesse ocorrido à correção dos valores devidos, o Departamento Jurídico já estabelecia uma previsão de dois ou três anos para o Leão conseguir zerar tudo o que deve na Justiça. A dificuldade agora é que, sem jogos oficiais e com os valores dos credores sendo atualizados diariamente, é preciso procurar outros meios para solucionar a dívida.
Enquanto esperam uma justificativa do Tribunal Regional do Trabalho do Pará (TRT-PA) a respeito dos reajustes dessas quantias, os juristas azulinos tentaram conversar diretamente com os advogados dos credores para tentar possíveis acordos extrajudiciais. “O que iremos propor a eles (advogados) vai ser um compromisso de quitar a dívida com os valores desatualizados”, explica Coimbra. Em meio a essa negociação, uma resposta para outra pergunta precisou ser encontrada: como convencer esses advogados a aceitar a proposta, se hoje o Remo está com patrocínios bloqueados e sem bilheterias de jogos, esta a principal fonte de renda do clube?
É nesse momento que a reunião sobre a área do Carrossel, ocorrida na última segunda-feira (08/07) no TRT-PA, ganha importância. Segundo Pablo Coimbra, “é a primeira vez na história do Remo que existe uma proposta séria para o Carrossel, onde a Justiça do Trabalho está participando diretamente da negociação”. O clube poderá arrendar a área nos próximos meses, assim que apresentar todos os documentos exigidos pela empresa que irá alugar o espaço. Dessa forma, o valor do aluguel passaria diretamente para a Justiça do Trabalho, onde, de forma à vista, se pagará um credor por vez.
Fora isso, existe já um plano de resgate de sócios que o presidente Zeca Pirão pretende dar prosseguimento. Segundo o que o novo gestor do clube já informou, está em vigor uma ação que visa regularizar os associados inadimplentes. Para isso, quem está em débito precisa efetuar o pagamento da primeira mensalidade, que tem o valor R$ 30, que estará automaticamente livre das parcelas atrasadas. “Essa é uma das primeiras ações do Clube do Remo que objetiva quitar nossa dívidas. Sabemos que não será fácil, mas é um início e estamos confiantes”, afirma Pirão.
Diário do Pará, 11/07/2013