O segredo não foi guardado e todos já sabiam – por mais que muitos não quisessem acreditar – que Eduardo Ramos era o camisa 33 que a diretoria do Clube do Remo prometia para a temporada 2014. A apresentação do tão aguardado jogador “diferenciado”, ontem à tarde, no Mangueirão, foi um anticlímax para a torcida do Remo. Assim que o helicóptero alugado pelo clube pousou no centro do gramado revelando que o meia Eduardo Ramos era mesmo o “misterioso” craque prometido pela direção azulina, a torcida azulina se dividiu. Muitos torcedores vaiaram, poucos aplaudiram e outros tantos silenciaram. O sentimento geral nas arquibancadas era de frustração.
Isso porque até aquele momento a torcida azulina ainda “sonhava” com a possibilidade do principal reforço do clube para 2014 ser um centroavante de nome internacional, como o argentino Herrera ou o uruguaio Loco Abreu – e até se contentaria com o carioca Bruno Rangel, artilheiro da Série B 2013 com 31 gols. Por isso, os remistas não esconderam a decepção com uma contratação que já não era novidade para ninguém e que ainda gera certo receio em relação ao desempenho dentro de campo.
A princípio, as vaias foram generalizadas, demonstrando claramente que o nome apresentado não correspondia à expectativa gerada pela intensa campanha de marketing em torno do “camisa 33”. No entanto, a maior parte da torcida deixou de lado a rejeição inicial após a apresentação oficial do jogador, feita pelo presidente Zeca Pirão, e principalmente depois do discurso emocionado do ex-jogador Agnaldo, que ao lado da vendedora de ervas Beth Cheirosinha, entregou a Eduardo Ramos a camisa com o emblemático número 33 – em homenagem ao histórico tabu construído em cima do rival Paysandu entre 1993 e 1997.
A esta altura, apenas a torcida organizada “Remoçada” hostilizava o ex-bicolor. Outras organizadas e os torcedores comuns passaram a vaiar a atitude da maior e mais polêmica organizada azulina. O clima entre os dois lados ficou pesado nas arquibancadas. Houve correria e um princípio de confronto que foi controlado rapidamente pela Polícia Militar.
Após a “festa”, porém, as opiniões permaneciam divididas entre os azulinos. “Eduardo Ramos, Jhonnatan e Val Barreto em boa fase. Será que agora o Remo enfim arruma alguma coisa?”, questionava o torcedor Sérvulo Oliveira. O remista Alberto Costa também já pensa em uma possível dupla Eduardo Ramos e Athos, outro meia-atacante apresentado ontem pela direção do clube. “Acho que o Eduardo Ramos, ao lado do Athos, pode formar um meio de campo muito forte no Remo”, projetou.
Já outros torcedores se mostraram receosos sobre a contratação do “Maestro” e temem que o armador não renda o esperado, sendo um “elefante branco” para o Remo na próxima temporada – a diretoria ainda não divulgou os valores envolvidos na compra de 60% dos direitos federativos de Eduardo Ramos e muito menos os salários que serão pagos ao jogador, mas sabe-se que o investimento foi alto. Especula-se que foram pagos R$ 150 mil de luvas e os salários estariam em torno de R$ 60 mil.
“Eduardo Ramos já é do Remo. Será que vai ser mais um elefante branco? Ou vai jogar? Agora só nos resta esperar e torcer”, resignou-se Milton Almeida. Já o remista Vinícius Correia também tem dúvidas sobre a vinda do armador. “Se vier para jogar futebol, tudo bem. Agora, se for para fazer corpo mole e procurar confusão, como fez no Paysandu, aí não”, disparou.
Amazônia, 16/12/2013