O status de “intocável” que Fábio Paulista tinha conquistado com grandes atuações no primeiro turno do Campeonato Paraense começou a ruir nas finais da Taça Cidade de Belém, contra o Paysandu. No início do segundo turno, o jogador – sempre titular e quase sempre jogando 90 minutos – amargou até a reserva pela primeira vez no clássico contra a Tuna, partida em que nem entrou em campo.
No período longe dos holofotes, ele foi ainda “blindado” pela diretoria e não deu entrevistas por pouco mais de 20 dias. Tantas mudanças deram início a um processo de reflexão do jogador, que procurou avaliar os quesitos nos quais poderia melhorar. A queda de rendimento que teve ele atribui mais ao cansaço que a qualquer fator psicológico – o que torna ainda mais difícil a recuperação, uma vez que no segundo turno o ritmo de jogos é frenético: 7 em 20 dias.
Então ele recorreu à fé para buscar não só repouso como motivação. “Minha maior motivação é agradecer ao Senhor com jogadas e gols”, diz o fervoroso evangélico atacante, revelando que Deus gosta das mesmas gentilezas que encantam a torcida azulina.
Além de tentar procurar dar a resposta em campo, o jogador teve que administrar a incômoda situação de ter seu nome envolvido em uma transação para o maior rival. Segundo boato, o empresário Emerson Dias teria divulgado um acerto em que ele, Val Barreto e Thiago Galhardo “atravessariam” a Almirante Barroso. Ele não só nega o suposto acerto, como afirma desconhecer o empresário e reitera o desejo de continuar no Remo uma vez que a vaga na Série D seja confirmada.
Depois de esquentar o banco no primeiro clássico do turno, ele está confirmado como titular para o segundo, após ter marcado um ainda inédito gol de pênalti na última rodada e se recuperado de um baque na perna direita. Hoje ele espera marcar contra o Paysandu e ajudar o Remo a conseguir sua classificação antecipada. E pede que, mesmo ainda chateada, a torcida do Remo compareça ao estádio.
Te abateu psicologicamente o fato de o Remo ter perdido o primeiro turno?
Acredito que tive uma queda, sim. Não só pelo rendimento psicológico, mas do trabalho e não só pelo fato de ter perdido o título, a gente tem que estar preparado para isso. Mas caí, meu futebol caiu, reconheço isso e a cada dia venho tentando trabalhar para melhorar. Estou bem melhor do que antes, bem recuperado, e vou fazer tudo para ajudar.
Jogastes no sacrifício em algum jogo da final?
Não, jamais. O motivo da minha queda atribuo ao cansaço. Fui um dos jogadores mais acionados na equipe no primeiro turno, junto com Fabiano, Zé Antônio e Carlinhos. Jogamos quase todos os jogos. Que me lembre, no primeiro turno só fui substituído contra o Paysandu e a Tuna, e nos outros joguei todo o tempo. Acho que o cansaço pegou um pouco justamente nas partidas em que eu não poderia cair de rendimento, mas infelizmente aconteceu.
E como driblar o cansaço em um segundo turno cheio de compromissos?
A gente tem que levar da melhor forma: descansar ao máximo, aproveitar o tempo livre para ficar em casa e tomar os medicamentos que fazem a gente repor a energia o mais rápido possível. E trabalhar, para não cair de rendimento antes do Re-Pa.
Como foi a semana de Re-Pa? O fato de ter a terceira rodada antes tirou um pouco do foco do clássico ou mesmo assim as cobranças foram intensas?
A semana foi tranquila. Eu pelo menos só penso no próximo jogo. Por exemplo: só vou pensar no Paragominas depois do clássico de hoje. Durante a semana, o pensamento era no Cametá. A partir da quinta-feira foi quando começamos a pensar no Paysandu. Sabemos da pressão, da responsabilidade que é o maior clássico do Estado, mas sempre pensamos em ter tranquilidade, trabalhar, para quando chegar no dia do jogo corresponder.
Na semana do clássico, ainda tiveste que conviver com a especulação de já ter um pré-contrato para defender o Paysandu na Série B. Te incomoda esta informação?
Não sei se é chato ouvir isso na véspera porque essa questão repercute há um mês. Tanto os torcedores falam como nas redes sociais. O que sei é que ninguém de lá me procurou. Como falei, tenho contrato com o Remo até dia 30/06. Se Deus quiser, consguiremos nosso objetivo e pretendo muito ficar aqui para jogar a Série D e não sabia nem quem era esse empresário. Fiquei sabendo pela diretoria depois, ele falou para diretoria que foi ele que fez negociação com o Remo para eu vir. Levantaram a hipótese que tinha acordo conosco, eu e Val Barreto. Não tenho nada assinado com ele, documento nenhum com ele, essa possbilidde de me levar para lá por empresário está fora de cogitação. Até onde sei só pode se o jogador quiser.
Como foi ficar quase um mês sem dar entrevistas?
Jogador sempre vai gostar de jogar bem e dar entrevista. Muitos acham que quando se perde uma partida, se não joga bem, não dá entrevista porque é “mole”. A diretoria sabe o que faz. Vim aqui para obedecer. Se eles pediram, é porque achavam que não era o melhor momento para falar, mas agora o professor autorizou e acham que é o momento certo. Eu não reclamo.
O quão motivante é ter marcado novamente antes do clássico?
Motiva bastante sempre. Minha maior motivação é agradecer ao Senhor com jogadas e gols. Ali tive oportunidade de glorificar o nome Dele através de mais uma bênção. Isso me motiva ainda mais. Espero que no clássico de hoje possa dar o máximo de mim, marcando gols ou não.
O Liberal, 17/03/2013