ABC (RN), América (MG), Fortaleza (CE), Santa Cruz (PE) e Sampaio Corrêa (MA) são clubes que nos últimos 10 anos experimentaram o mesmo abismo do Remo. No drama, esses clubes trataram de se transformar para reagir. No Remo, o que mudou nos cinco anos de abismo? Praticamente nada.
Está em votação no Condel o novo estatuto. É o acontecimento mais relevante, mesmo a passos de cágado. Na gestão, mudaram personagens, manteve-se o modelo arcaico com figuras carimbadas que se revezam há décadas com a mesma gastança, os mesmos erros e os mesmos fracassos, no mesmo ambiente de vaidades, fofocas e conceitos ultrapassados.
O caminho para sair do abismo pode ser buscado nos exemplos de quem teve êxito. O ABC (RN) cedeu um grande imóvel no centro de Natal (RN) a uma empresa que construiu e entregou ao clube o moderno estádio Frasqueirão. Além disso, modernizou a gestão e hoje tem um dos melhores serviços de marketing do Nordeste. O América (RN) se inspirou no rival e também cresceu em todos os aspectos. Troca de patrimônio foi a sacada também no América (MG) para elevar a receita e os investimentos.
O Fortaleza (CE) melhorou a gestão e se engrandeceu pelo marketing, a ponto de inspirar o rival Ceará (CE). O Santa Cruz (PE) investiu no resgaste da credibilidade da marca para ganhar fôlego financeiro e moral. O Sampaio Corrêa (MA) teve reação lenta e gradativa, priorizando a infra-estrutura. Somente no ano passado começou a colher o que plantou, como campeão invicto da Série D. O que nesses clubes são palavras mágicas, como gestão moderna, credibilidade, marketing, lucro, investimento e valorização da marca, para os “donos” do Remo são palavrões cabeludos. Acredite.
O Remo ainda está na época dos “senhores feudais”. Detentores do poder que decidem quem deve ser eleito e se omitem diante dos desmandos. São também chamados de “cardeais”, um termo que surgiu como homenagem e eles próprios e transformado em ofensa. Sob esse domínio medieval, o Remo rejeitou todas as possibilidades de avanço. O caso mais polêmico foi da troca do Baenão por uma Arena, que deu em nada.
O clube buscou avanços em parcerias graciosas com empresas como Granada Sports, L2 Sports, Nação Azul, entre outras investidas fracassadas, como também foi o caso da RC3 com o Paysandu. Bom ou mau negócio, segue funcionando a parceria comercial do Leão com a Gol Store. No início deste ano foi anunciada negociação do Remo com uma empresa séria e competente, a Brunoro Sports, de José Carlos Brunoro. O assunto morreu logo na fase embrionária, como quase tudo de bom que surge no clube azulino.
Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 09/05/2013