Torcedores que cometerem crimes nas imediações do Mangueirão na decisão do primeiro turno do Parazão, entre Remo e Paysandu, serão julgados e receberão a sentença, com base no Estatuto do Torcedor, ainda no estádio, onde funcionarão três juizados especiais do Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA). A medida, que será a novidade no clássico Re-Pa do próximo domingo, o clássico de nº 714, faz parte da ação conjunta de segurança que tem sido desenvolvida nos últimos jogos do campeonato e aumenta a repressão a confrontos entre torcidas organizadas e outros delitos frequentes.
Em visita técnica feita por representantes do Ministério Público do Estado (MPE), do TJ-PA e de órgãos ligados ao sistema de segurança pública do Pará, foi definido que um juizado será instalado dentro do Mangueirão, tendo o portão B1 como referência, e outros dois funcionarão às proximidades do Detran. Os juizados são itinerantes e as atividades serão desenvolvidas dentro de ônibus adaptados.
Auxiliado por funcionários administrativos, o juiz de cada unidade vai sentenciar imediatamente ocorrências registradas pela Polícia Militar em um raio de 5 quilômetros a partir do estádio. A partir da distância limite, os casos serão encaminhados para as seccionais mais próximas, de acordo com o delegado João Bosco, da Divisão de Polícia Especializada.
O delegado informou que os delitos que serão encaminhados aos Juizados Especiais vão desde a ação dos cambistas até agressões, principalmente entre integrantes torcidas organizadas, como ocorreu no último Re-Pa. As atividades nos juizados itinerantes só acontecerão em jogos que tenham a perspectiva de público a partir de 20 mil torcedores, casos dos dois clássicos que definirão o campeão paraense do primeiro turno. O segundo jogo está marcado para o dia 03/03.
O objetivo do juizado itinerante é prestar atendimento jurisdicional das demandas cíveis e criminas de pequena repercussão, conforme explicou a desembargadora Diracy Nunes, coordenadora dos Juizados Especiais do TJ-PA. De acordo com a desembargadora, o juiz aplicará penas previstas no Estatuto do Torcedor, a fim de coibir ações violentas dentro e fora do Mangueirão. “Desta maneira, as pessoas que vão aos jogos apenas para torcer terão mais tranquilidade e segurança”, comentou.
Além da desembargadora Diracy Nunes e do delegado João Bosco, participaram da visita técnica, o presidente da Prodepa (Empresa de Processamento de Dados do Estado do Pará), Théo Pires, o juiz auxiliar dos Juizados Especiais, Cristiano Arantes e Silva, o tenente-coronel Rayol (PM) do gabinete militar do TJE, e funcionários da Secretaria de Estado de Esportes, responsável pelo funcionamento do Mangueirão. Não compareceram à visita representantes da Polícia Militar, Federação Paraense de Futebol (FPF) e clubes locais.
Depois de passar cerca de uma hora e meia no Mangueirão, a comitiva seguiu para o Detran, ao lado do estádio, onde a visita foi encerrada, com a definição do espaço que será ocupado pelos ônibus.
O Liberal, 19/02/2013