Antes de investir em jogadores de maior cartaz, o Remo investe na melhoria das condições de trabalho: um novo gramado no Baenão, um transporte digno, campos de treinamento alugados para o elenco profissional e equipes de base (no Curuçambá). Dos itens fundamentais de infraestrutura para o futebol, o Remo continua devendo uma academia de musculação própria.
Em Belém ainda destacamos a importância de uma academia de musculação no estádio do clube. Nas grandes e médias estruturas, a academia é um item do Centro de Treinamentos. É o caso do vizinho Sampaio Corrêa (MA), que vem fazendo as melhores campanhas da região no Campeonato Brasileiro. O clube maranhense tem um CT completo, que chama de “hotel”. Nesse item, está muito acima da dupla Re-Pa. O importante (muito importante!) é que o clube disponibilize academia e fisioterapia aos seus profissionais no local de trabalho, seja o estádio ou CT.
Sem um serviço interno de musculação, não há como os preparadores físicos atenderem necessidades individuais dentro da rotina de trabalho. Toda essa importância se multiplica para as categorias de base, cujas revelações chegam ao elenco profissional sem o lastro muscular necessário. Por isso, demoram a emplacar ou nem emplacam.
Em geral, as revelações têm que passar por programa especial de fortalecimento muscular depois que sobem para o elenco principal. Os clubes formam jogadores, mas não atletas. Não investem tanto quanto deveriam no desenvolvimento muscular e menos ainda na consciência profissional. Na verdade, pouco se importam com os aspectos sociais dos atletas de base.
Sem Centro de Treinamento, o Remo costuma ceder seu estádio para treinamentos de times visitantes. Quando viaja, tem retribuição usufruindo de CTs. Isso já traduziria o déficit de estrutura. Pior, porém, foi a impressão causada no Baenão nos últimos anos. Felizmente, o estádio tem passado por melhorias e o clube parece decidido a avançar na melhora estrutural.
A festa feita pelo Remo ao apresentar seu primeiro ônibus, devidamente estilizado, em 108 anos de história, dá a dimensão da defasagem de estrutura, especialmente se considerarmos que o Paysandu ainda não tem o seu. Na esteira das comemorações, o presidente azulino Zeca Pirão fez arremate garantindo que o ônibus reformado, apresentado no sábado, passará a ser exclusivo das categorias de base em junho, quando o Remo receberá um ônibus 0km, de alto padrão, doado por “padrinhos”.
Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 03/12/2013