Do ponto de vista dos apitadores paraenses, a semana teve alguns momentos muito bons e alguns momentos desconfortáveis. A grande notícia foi que as diretorias de Remo e Paysandu entraram em consenso e aceitaram a ideia de um trio de arbitragem local apitar o clássico Re-Pa da decisão da Taça Estado do Pará. Fato até surpreendente, uma vez que nenhum clássico deste ano foi dirigido por um árbitro local.
Por outro lado, na mesma semana, ficaram patentes as declarações polêmicas do meia Thiago Potiguar, que reclamou de perseguição e que suas expulsões são injustas. Será que realmente é o momento para um árbitro da terra assumir o comando do clássico Rei da Amazônia?
As reclamações contra a arbitragem por parte dos dirigentes foram uma tônica. Na última rodada da fase classificatória do primeiro turno, embora o Remo tivesse vencido o Cametá por 4 a 1, a direção azulina reclamou que o clube vinha sendo “garfado” a cada rodada. Até o São Francisco, na penúltima rodada do segundo turno, ensaiou entrar com representação contra determinados árbitros.
Para o presidente da comissão de arbitragem da Federação Paraense de Futebol (FPF), o ex-árbitro José Guilhermino de Abreu, as aparências enganam. “Pode parecer meio estranho, mas efetivamente recebemos apenas duas queixas de clubes contra árbitros. Uma por parte do Independente, contra o Joelson Nazareno Cardoso, e outra do Remo, contra o Wasley José do Couto. Foram queixas por jogos normais, não foram jogos decisivos”, revela.
Guilhermino acredita que a maior parte das reclamações contra a arbitragem funcionam mais como uma jogada para a torcida do que outra coisa. “Acho que às vezes os dirigentes soltam algumas coisas de cabeça quente, após um resultado adverso, mas ao ponderar desistem de prestar queixa. Também já aconteceu de dirigentes virem conversar conosco e, ao rever os vídeos dos jogos, entenderem que não era o caso”, completa.
O dirigente, à frente da comissão há 4 anos, conta que existe um trabalho pela qualificação da arbitragem que fiscaliza mais de perto o trabalho dos apitadores e boa parte das vezes a própria comissão toma algumas medidas por conta disso.
“Temos a figura do fiscal de arbitragem, conferindo a atuação de cada árbitro, fazendo relatórios. Recebemos todas as críticas dos clubes e vamos conferir no relatório. Se um árbitro tem mostrado repetidos erros, nós procuramos afastar ele um tempo para as competições amadoras e reciclagem, para depois, melhor avaliado, voltar”, detalha José Guilhermino.
Diário do Pará, 18/05/2014