Dispersivo, o Remo parecia estar cumprindo tabela. Burocrático, trocou passes de lado, errou a maioria das saídas e pouco agrediu o Nacional (AM) nos primeiros 45 minutos. Comportamento incompatível com um time que briga pela classificação na Copa Verde, competição mais importante da temporada para os clubes paraenses.
A disposição demonstrada para decidir o turno contra o Paysandu sumiu de cena e o Remo foi apático na maior parte do primeiro tempo. O Nacional (AM) se defendia com duas linhas de defensores e esperava. Respeitou o dono da casa até os 20 minutos. A partir daí, liberou seus laterais e passou a explorar o contra-ataque com mais afinco. Ameaçou duas vezes, com Jefferson Recife e Romarinho, em chutes de fora da área. Enquanto isso, o Remo teimava em usar Eduardo Ramos como ponta-direita e Potiguar como meia de ligação.
Na prática, Jhonnatan e Ilaílson eram os únicos a conduzir a bola com lucidez do campo de defesa. Como Eduardo Ramos, o homem da criação, estava esquecido na direita, os dois volantes tomavam as iniciativas, com os problemas desse tipo de improvisação. Ilaílson até fez dois excelentes passes para Potiguar e Alex Ruan, mas o time sentia falta de organização. A bem da verdade, sentia falta de um esquema de jogo.
Aos 32 minutos, uma jogada manjada resultou no primeiro gol da partida. Chapinha cruzou bola na área e o grandalhão Fabiano desviou de cabeça, abrindo o placar para o Nacional (AM). Um gol fácil, sem maior esforço ou criatividade, mas com a colaboração da zaga azulina, que não marcou o centroavante.
Com a desvantagem, o Remo deixou a letargia de lado e resolveu avançar em busca do empate. Cruzou mais bolas e arriscou mais de fora da área, mas sem causar sobressaltos ao goleiro Jairo, com exceção de um disparo de Alex Ruan de fora da área e um chute de Eduardo Ramos na gaveta, lance que obrigou o goleiro baré a fazer uma grande defesa.
Depois de ser saudado com vaias no final da primeira etapa, o Remo voltou com Ratinho no lugar de Levy e uma postura diferente. Mais adiantado, pressionou insistentemente e criou logo duas boas chances antes dos 5 minutos. Val Barreto perdeu o gol batendo da pequena área e Ratinho foi desarmado quando ia finalizar. Para azar do Remo, Ratinho se contundiu na jogada e teve que ser substituído por Zé Soares.
Como a situação permanecia intrincada, Charles trocou Eduardo Ramos por Athos e o time ganhou em movimentação e dinâmica, mas insistia no erro de abandonar o jogo pelas pontas, concentrando as manobras pelo meio da área, justamente onde o Nacional (AM) mantinha todo o seu bloqueio defensivo.
Com o incentivo da torcida, o time atacava a todo instante e o gol veio em jogada de linha de fundo, que envolveu Potiguar e chegou até Alex. Este tocou para o meio encontrando Zé Soares, que desviou para as redes, aos 20 minutos. Entusiasmado, o Remo se manteve ofensivo e, dois minutos depois, quase virou o marcador. Athos deu passe preciso para Alex, mas este finalizou por cima do gol.
O jogo permaneceu aberto até o final, com o Nacional (AM) tentando explorar contra-ataques, com Daílson aberto pela direita e Chapinha pela esquerda, mas o Remo era mais presente no ataque. Zé Soares, Potiguar e Val Barreto ainda desperdiçaram oportunidades, mas o escore permaneceu inalterado até o final.
Depois da partida, o técnico Francisco Diá comentou que seu time jogou conforme o planejado. Permaneceu fechado e explorando os erros do adversário. Charles Guerreiro lamentou a apatia do primeiro tempo e falhas individuais, criticando ainda o individualismo de alguns jogadores. Não falou em planejamento de jogo, coisa que o Remo não tem.
O técnico havia dito na véspera que buscava em Belém um empate ou pelo menos fazer um gol. Com isso, julgava conquistar o resultado mais interessante para decidir a vaga em Manaus (AM), no dia 09/03, por ocasião da inauguração da Arena da Amazônia. Saiu de Belém com as duas coisas. Empatou, marcando gol. Avalia, com razão, que a missão de classificar o Nacional (AM) ficou mais fácil.
O Remo, ao contrário, desperdiçou boa chance de estabelecer vantagem segura para o cruzamento. Agora terá que correr e jogar mais para superar o esforçado e brigador azulino amazonense.
Blog do Gerson Nogueira, 28/02/2014