Embora vibrante e concentrado, o Clube do Remo sofreu um golpe duro. Um gol aos 49 minutos do segundo tempo decretou o vice-campeonato do segundo turno, equivalente à Taça Estado do Pará. A reação bicolor foi algo impensável até os 35 minutos do segundo tempo, quando o Leão ostentava uma vantagem de dois gols – 3 a 1. A casa do Leão caiu, ou melhor, ruiu em pouco mais de 10 minutos. O empate não era o resultado que o time de Roberto Fernandes precisava. Visualmente cabisbaixos, os jogadores ainda protagonizaram cenas de pugilato. Deprimente. As declarações pós-jogo tiveram a tônica da tristeza e da vergonha.
O zagueiro Raphael Andrade economizou nas palavras, mas foi preciso. Afirmou que só resta aos atletas azulinos projetar a recuperação assim que os ânimos serenarem. “É muito difícil falar agora, a gente tem que recuperar a força para o próximo jogo. Vai ser difícil, mas é isso”, falou.
Seu companheiro de zaga, Rubran, que por pouco não se transformava no herói da partida, pois assinalou o terceiro gol da equipe, preferiu nem falar. Balbuciou umas palavras e saiu em disparada para os vestiários. A verdade é que a perda inesperada do título e as cenas lamentáveis do final do jogo provocaram um sentimento de decepção, digamos, dupla, entre os azulinos.
O experiente goleiro Fabiano, com 36 anos nas costas e vários times de médio e grande porte no currículo, saiu decepcionado, falando pouco, mas afirmando que havia sido agredido por um jogador do Paysandu. Autor de defesas complicadas e que estavam garantindo o título do Remo, Fabiano era o retrato da desolação. Foi um dos últimos a sair de campo pelo lado azulino.
Quem não mostrava decepção, assumia uma postura de críticas à arbitragem. Ratinho, a arma secreta do treinador Roberto Fernandes, detonou o juiz. “O (Carlinho) Rech fez uma falta aqui e foi expulso. O Charles deu três porradas e não levou o (cartão) vermelho. Isso aí foi brincadeira”, terminou, ironicamente, o meia-atacante.
Aliás, Carlinho Rech, definitivamente, não tem tido boas lembranças do clássico Re-Pa. Ele entrou por volta dos 30 minutos do segundo tempo, quando a equipe ganhava pelo placar de 2 a 1. Rech faria uma função de zagueiro, quando o Paysandu alçava bola na área. Se o adversário atacasse, o atleta ocupava a faixa de campo de volante, fazendo o primeiro combate.
Foi numa dessas jogadas que Carlinho Rech deu um carrinho, uma tesoura, e levou o cartão vermelho imediatamente. A reação do jogador foi levantar o dedo indicador, como se falasse que era a primeira falta dele.
Amazônia, 29/05/2014