O Remo perdeu para ele mesmo. Com perdão do velho clichê boleiro, o fato é indesmentível: o time azulino deu dois presentes ao ataque do Brasiliense (DF), que a rigor teve apenas três chances no jogo, mas foi objetivo e aproveitou duas que lhe foram gentilmente oferecidas. O comportamento errático da zaga paraense foi decisivo para o resultado final, fato agravado pelo desperdício de chances pelos atacantes – cinco, pelo menos.
Depois de um começo meio confuso, provocado pelo nervosismo e a afobação dos atacantes remistas, a partida ficou muito presa à batalha no meio de campo, onde o Brasiliense (DF) postava até cinco jogadores para conter as iniciativas do Remo. O expediente funcionou porque a escalação remista contemplava apenas três homens no setor – os volantes Dadá e Michel Schmöller e o meia-armador Danilo Rios.
O problema é que, além do bloqueio forte que o visitante armou, o camisa 10 do Remo não conseguia criar nada. Ao contrário, errava passes seguidos, que proporcionavam contra-ataques, sobrecarregando a defesa. Apesar disso, foi remista a primeira grande oportunidade, com Levy, que disparou um chute rente ao travessão. Logo em seguida, Danilo Rios desperdiçou um bom momento, errando arremate junto à pequena área.
Quando a partida ainda estava no terreno da cautela e dos estudos, eis que surgiu a primeira bobeira. Em escanteio cobrado por Zé Roberto pela esquerda, a bola foi desviada de cabeça no canto da trave. O goleiro Fabiano fez excelente defesa, mas espalmou para frente. Felipe, livre, tocou para as redes. Pode-se atribuir falha do goleiro ao não segurar a bola, mas o pecado maior foi de cobertura. Obrigatoriamente, em lance de escanteio, alguém deveria estar vigiando aquele lado da área.
O Remo ainda tentou se organizar, a fim de buscar o empate, mas esbarrava na lentidão e na inoperância de Danilo Rios. Quando passou a utilizar as laterais, a bola começou a chegar até a área do Brasiliense (DF). Como em lance puxado por Leandro Cearense e finalizado por Rony, em disparo forte, à direita da trave.
Como não conseguia entrar na área, o Remo permitia que a marcação abafasse as tentativas de cruzamento. Apesar disso, detinha mais posse de bola. Mas o que está ruim sempre pode ficar pior. Aos 30 minutos, em outra jogada aérea, a zaga se atrapalhou no rebote, Max teve a chance de afastar a bola, mas demorou e perdeu na entrada da área. Claudecir tocou de calcanhar e Rodrigo bateu firme, sem defesa, ampliando o prejuízo azulino.
Daquele momento em diante, até os acréscimos, o Brasiliense (DF) se encolheu e o Remo ficou fustigando. Primeiro com Michel Schmöller, que bateu da intermediária e quase acertou a gaveta. Em seguida, em cruzamento de Val Barreto, Leandro perdeu chance incrível, errando a cabeçada junto à linha do gol. Rony ainda encaixou um voleio, que foi rechaçado pelos zagueiros.
Para o segundo tempo, Ratinho substituiu Danilo Rios. O Remo ganhou em movimentação e toque de bola no meio, fazendo com que Levy tivesse mais espaços pela direita. Foi através dele, em cruzamento perfeito, que Val Barreto diminuiu, aos 22 minutos, em cabeceio fulminante.
A fim de aumentar a agressividade, Fernandes tirou Leandro Cearense e Rony e botou Thiago Potiguar e Marcinho. O segundo até foi bem, invadindo a área seguidas vezes em tentativas individuais, mas Potiguar limitou-se a conduzir a bola, sem maior aproveitamento.
Ainda assim, Levy desfrutou de duas chances claras, Ratinho acertou um chute alto que quase enganou o goleiro e Marcinho podia ter empatado aos 39′. Foi agarrado por um defensor quando armava o chute. O árbitro pernambucano estava a cerca de 5 metros e mandou o jogo seguir – já havia ignorado um lance de bola na mão, alegando que o zagueiro não tivera intenção faltosa.
Para quem veio a Belém buscar um ponto, o Brasiliense (DF) saiu com um lucro fabuloso, encaminhando a classificação. Ao Remo, depois de mais uma atuação desastrosa de seus zagueiros, resta apostar na superação para reverter a diferença em Brasília (DF). Precisará vencer por 2 gols de diferença ou a partir de 3 a 2. Difícil, mas não impossível.
Blog do Gerson Nogueira, 28/09/2014
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